Postado em 20 de novembro de 2023
“O meu sangue é Negro! Branco, Amarelo e Vermelho!” Cazuza
“Quem me pariu, foi o ventre de um navio. Quem me invadiu, foi o vento no vazio. Do fundo escuro de um porão, vou baixar no seu terreiro”.
Esses versos do poema-canção Ya Ya Macemba, e que traduz com a maior fidelidade a chegada dos nossos ancestrais africanos ao Brasil, trazem em si toda uma ancestralidade recheada de dor, sofrimento e muitos lamentos. Infelizmente, os africanos chegaram ao Brasil como escravizados e por muito tempo sofreram com os horrores da escravidão.
“E o negro aqui, chegou. E o seu canto de fé, ecoou. Liberdade para ser feliz. O braço forte que ergueu nosso país”.
Esse pedaço do Samba-enredo da Escola de Samba Beija-flor, do Carnaval de 2000, nos faz refletir e ter a consciência de que, apesar do preconceito e da discriminação racial, os nossos ancestrais africanos, às custas de muito suor, sangue e lágrimas, contribuíram e muito para o Brasil se erguer como um país.
“... Mas trouxeram o negro, que é arte e é cultura, que nos ensinou a batucar.”
A Escola de Samba Unidos da Tijuca, no ano de 1990, emplacou um Samba-enredo antológico, o qual retrata em seus versos a grandiosa contribuição do povo negro na formação cultural e religiosa do Brasil. Não podemos jamais deixar de agradecer aos africanos pelo Samba, pelo Maracatu, pelo Frevo, pelo Candomblé, pela Umbanda, pela feijoada, pelo Caruru, Vatapá e pelo Acarajé.
“Pergunte ao Criador; pergunte ao Criador. Quem pintou essa aquarela. Livre do açoite da senzala. Preso na miséria da favela.”
Como parte do enredo da Mangueira, em 1988, ano do Centenário da Abolição da Escravatura, este Samba-enredo sintetiza toda a trajetória dos escravizados, desde a África até a chegada deles ao Brasil. Sintetiza muito sofrimento, muita cultura, muita dor, muita ancestralidade e riqueza cultural. Mas retrata as mazelas que se arrastam até os dias atuais, como o preconceito e o racismo.
Devemos reverenciar sempre, e não apenas no dia 20 de novembro, a NOSSA Consciência Negra. Reverenciar a Mãe África, é reverenciar os nossos ancestrais, a nossa alma e as nossas raízes enquanto filhos dessa pátria chamada Brasil. A África é o ventre do mundo; chão firme e forte que dá fundamento e base às raízes fortes da árvore sagrada, o Baobá. Somos África! Somos todos iguais e somos todos batuqueiros, porque “nesse meu Brasil, todo mundo bate tambor.”
“O meu sangue é Negro! Branco, Amarelo e Vermelho!” Cazuza
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