Postado em 29 de agosto de 2023
No início da Rua da Paz, havia uma capela residencial em homenagem a São João
Foi naquela rua ainda pouco conhecida, onde fui morar em 1970 com apenas vinte e sete dias de nascimento, onde vivi durante os primeiros quatro anos da minha existência terrena, mais precisamente no número setenta e três e aonde fui muito feliz.
Vivi em uma modesta e tímida casa, onde a maior riqueza que tínhamos era a presença sempre sã de minhas tias Sofia, Alaíde e Terezinha, as quais me deram carinho, amor e tomaram conta de mim.
Lembro ainda e permanece muito vivas em minha memória, a época das festas juninas na Rua da Paz. Eram dias de muita luz, fogueira, balão e festas. Ah! O período junino me trazia, e até hoje me traz, muito saudosismo e recordações felizes daqueles dias, onde as ruas eram enfeitadas com bandeirolas e quando a noite caía, as fogueiras eram como lamparinas acesas ao ar livre, trazendo calor e luz em homenagem aos Santos daquele mês sagrado. Tudo era alegria! Tudo era sedução!
No início da Rua da Paz, havia uma capela residencial em homenagem a São João, que era a minha parada obrigatória toda vez que por ela eu passava. Gostava de ficar parado na porta admirando os Santos no altar, as velas acesas e o cheiro forte e romântico das rosas vermelhas. Aquela imagem do altar me fascinava e era o meu momento particular com Deus, mesmo sem ter a menor noção de religiosidade, devido à pouca idade, mas que me fazia muito bem.
Tive uma infância vibrante naquela rua, onde às tardes ensolaradas, vivia solto a brincar, correndo com as outras crianças por cima dos montes de areia das casas em construção, o que deixava a minha tia Sofia enlouquecida. Ainda não se falava em aquecimento global e quando o sol se punha, aquele frio serrano vinha a nos açoitar. Era preciso tomar banho antes de o sol se por, pois o frio era cortante e não tínhamos chuveiro elétrico.
O tempo passou, mas ainda sinto em minha alma aqueles dias felizes que vivi na Rua da Paz. O destino me levou para viver longe de Gravatá, mas em minhas visitas, gosto de passar por aquela rua que me acolheu no início de tudo em busca das minhas primeiras impressões e das minhas primeiras alegrias, no intuito de manter vivas em mim, aqueles dias de luz tão mansa, que sempre me vêm à lembrança trazendo recordações de um tempo não mais retornará, mas que continua comigo; perdido para sempre, comigo.
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