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Coluna do Rod Silva: O SÃO JOÃO DA MINHA VIDA

Postado em 20 de junho de 2023

Quis o destino que esse menino fosse morar muito longe.

Aqueles dias que antecediam as grandes festas juninas, traziam com eles uma grande alegria para um garoto gravataense, o qual havia nascido exatamente no dia 23 de junho de 1970. Quando chegava a época de fazer fogueira, ele já tinha em mente em prepará-la já pela manhã, antes mesmo de ir para a escola, com intuito de mostrar o seu contentamento com a sua data natalícia. 


Estávamos na década de 1980 e Gravatá festejava os Santos Juninos com originalidade sem igual. Havia o famoso Concurso da Rua Mais Enfeitada, onde a Rua 21 de Abril ganhava sempre com a decoração e seu palhoção todo feito de com palhas de coqueiro, onde o arrasta-pé varava noite adentro.

Ainda pela parte da tarde, as ruas já contavam com as fogueiras armadas e esperando o anoitecer para serem acesas e os festejos começarem. Aquele menino, juntamente com a garotada da vizinhança, esperavam ansiosos para comprarem traque de sala e estrelinhas, que eram os fogos permitidos para as crianças poderem soltar quando a noite chegasse. Nem sempre ele podia comprar os fogos, e quando isso acontecia, apenas ficava a observar os demais. 

A noite finalmente chegava. Ao serem acesas, as fogueiras davam a Gravatá um clarão avistado até da Zona Rural da cidade. O vento frio da noite trazia o som do Forró tocado no Bairro Novo, o qual cruzava a cidade e chegava aos nossos ouvidos na Rua do Norte. De vez em quando, vinha um balão e todos corriam em busca de um espelho para ver o balão refletido nele. Acreditava-se que ao balançar o espelho com o balão refletido nele, o balão cairia.  


A noite começava a entrar pela madrugada e as fogueiras iam “morrendo” os seus clarões. Já não se via muita gente na rua, pois o frio açoitava como um chicote e apenas os mais corajosos se sentavam nas calçadas para longas conversas, enquanto as brasas resistentes daquelas fogueiras assavam o milho que era compartilhado por todos.

O silêncio começava a tomar conta daquela noite então festeira. Era hora de nos recolhermos para um novo dia que estava por vir. E foi assim, por toda sua infância, que aquele menino comemorou o seu aniversário no dia 23 de junho, Véspera de São João. Era a sua festa de aniversário incidental, pegando um pouco da alegria que tomava contada da cidade, que no seu imaginário era como se todos estivessem celebrando a festa de aniversário que, na verdade, ele nunca teve. 


Quis o destino que esse menino fosse morar muito longe. Mas também, o mesmo destino se encarregou de nunca apagar de sua memória “aqueles dias de uma luz tão mansa, que sempre lhe deixavam de lembrança, um brinquedo novo à sua porta.” Infelizmente o brinquedo NUNCA chegou, a festa de aniversário, ele nunca teve. Contudo, o São João de sua infância está com ele. Está perdido para sempre, com ele. Esse menino de quem vos falo; esse menino sou eu.

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