Postado em 03/04/23
Durante a sua gloriosa carreira, Clara Nunes sempre trabalhou em função da representatividade, da defesa e da promoção das Religiões de Matriz Africana, além da defesa da Música Popular Brasileira.
Após 28 dias de angústia e espera, terminava a jornada de vida de uma das melhores cantoras brasileiras; Clara Nunes. A comoção foi gigantesca e não só Madureira chorou! O Brasil inteiro chorou a perda de um ser de luz maravilhoso e uma cantora sensacional.
Durante a sua gloriosa carreira, Clara Nunes sempre trabalhou em função da representatividade, da defesa e da promoção das Religiões de Matriz Africana, além da defesa da Música Popular Brasileira. Mesmo tendo iniciado a sua carreira como cantora de boleros, foi no Samba que ela encontrou o seu caminho e pelo Samba ela sempre lutou.
A supercampeã Escola de Samba Portela, conquistou o coração de Clara e foi lá que ela se sentiu em casa ao lado dos grandes Bambas daquela agremiação, onde gravou grandes sucessos, os quais que se perpetuaram no Cancioneiro do Brasil.
A força do canto de Clara Nunes era tão forte, e até hoje se faz tão presente, que em dados momentos temos a sensação de que ela não partiu e sim, continua entre nós. Mas a sua voz e a sua arte para sempre estarão conosco. Morrem os homens e ficam as suas obras.
Além de ter sido uma excelente cantora, a guerreira Clara era respeitada por cantar as nossas Raízes Africanas; haja vista, ela era do Candomblé e filha de Ogum e Iansã, que são dois Orixás guerreiros. Ela sempre fazia questão de cantar o Brasil mestiço, o Brasil Africano e a nossa miscigenação cultural e racial.
Não teremos outra Clara Nunes, pois ela é única e incomparável. Uma mulher à frente do seu tempo, portanto, atemporal. Uma estrela-guia que sempre nos fez refletir quem somos e de onde vieram os nossos Ancestrais; da Mãe África, o berço do mundo, navegando pela Calunga, no porão de um navio negreiro.
De passagem pelo Rio de Janeiro, visitei o túmulo onde Clara foi sepultada. Rezei um Pai-Nosso e uma Ave-Maria e depositei uma rosa branca sobre o seu jazigo de mármore branco. Meus olhos cansados lacrimejaram, quando li o que estava escrito sobre o seu túmulo:
“...E ela se foi a cantar; para além do luar, onde moram as estrelas...”
Há 40 anos, chorávamos a sua partida. Ainda lembro do cortejo saindo da Quadra da Portela, em Madureira, Subúrbio do Rio de Janeiro, acompanhado por mais de 50 mil pessoas acenando com lenços brancos, enquanto o cortejo fúnebre seguia em direção ao Cemitério de São João Batista. Foi a grande despedida dela, que era chamada carinhosamente de “Sabiá.”
“Canta meu Sabiá! Voa meu Sabiá! Adeus meu Sabiá! Até um dia!...”
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