E quando a noite adentrava a madrugada lá na Rua Paranaguá, procurávamos nos aquecer com o fogo agora brando, das fogueiras que ainda ardiam
E chegou o nosso mês preferido! Chegou o mês de junho. É incrível como todos nós Nordestinos amamos esta época do ano, posto que as nossas maiores tradições, que são as Festas Juninas, acontecem exatamente agora. Ou pelo menos aconteceriam, porque infelizmente a pandemia ainda teima em não sumir.
Quando junho chega, sempre recorre à minha memória as mais doces lembranças daqueles dias de chuva, da colheita do milho, das fogueiras, dos palhoções e das ruas enfeitadas. Gravatá ainda respirava o ar brejeiro do interior com sua gente simples e muitas de suas ruas ainda eram de chão batido, o que facilitava muito na montagem das fogueiras.
Lembro ainda, que havia o concurso da rua mais enfeitada e exatamente a Rua 21 de Abril ganhava sempre, assim como o antigo CERU Professor Antônio Farias tinha uma das melhores festas de São João de Gravatá. Tudo era mágico, lindo, matuto, coisa nossa e bem nossa. Única!
Quando a noite chegava, as casas eram iluminadas e havia um agito gostoso no ar, com cheiro de milho assado, pamonha e canjica.
Apesar daquela fumaça nos incomodando, nada superava a magia do São João. Nada era mais maravilhoso do que nos sentarmos na calçada e vermos a fogueira queimar em homenagem a Santo Antônio, a São João e a São Pedro. E havia um certo romantismo no ar, misturado ao cheiro do milho verde. Quanta saudade sinto daquele tempo de outrora. Da aurora da minha vida.
E quando a noite adentrava a madrugada lá na Rua Paranaguá, procurávamos nos aquecer com o fogo agora brando, das fogueiras que ainda ardiam meio que timidamente com a chegada da madrugada. Àquela altura, o frio trazido pelo vento proveniente do Planalto da Borborema, carregavam os últimos balões pelos céus de Gravatá. Ao longe, o vento também trazia o som do Forró vindo das casas distantes lá no Bairro Novo.
Hoje, sinto o meu peito apertar quando essas lembranças chegam e por estar tão longe fisicamente, contento-me em saber que estou bem perto pelo coração. Contudo, sinto um aperto maior por saber que todas essas tradições foram deixadas pelo caminho ao longo desses anos. As tradições juninas de Gravatá estão muito longe dos seus primórdios. Tudo se resume, de forma aleijada e alijada, às festividades do pátio de eventos, onde “artistas” que nada dizem tomam a cena de assalto. “Bando de tijolos com pretensões à casa. Inútil luxo, megalomania triunfante...”
Quero, aliás queremos, as nossas tradições de volta! Não queremos mais apenas viver de doces lembranças, uma vez que ainda temos tempo de resgatar tudo isso e voltarmos a viver as Festas Juninas como antigamente. Vamos reacender a fogueira, voltar a enfeitar as ruas... Proclamo isso bem alto, pois não quero que as nossas tradições sejam para sempre sepultadas nas cinzas de uma fogueira que outrora ardia. Mas que hoje, infelizmente apagada cada vez que o vento frio sopra em direção a um futuro sem memória.
Lindo texto, pude ver e sentir tudo!!!❤❤
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