A Boa Vista se vestia de vermelho e branco para homenagear o Santo.
Dia vinte de janeiro é o Dia de São Sebastião. Apesar de não ser católico, essa data me traz boas recordações da aurora da minha infância, pois tradicionalmente ocorre a Festa de São Sebastião no Bairro da Boa Vista em Gravatá. Vivi naquele bairro até os meus quatro anos de idade e amava essa festa tão esperada pelos moradores locais e das adjacências.
A Boa Vista se vestia de vermelho e branco para homenagear o Santo. Havia procissão, missa, pipoca, doces e canoas para a criançada se balançar. Era a nossa Disneylândia anual e éramos felizes dentro desse universo de simplicidade. A Festa de São Sebastião era um dos encantos que me fizeram apaixonar pela Boa Vista e isso perdura até hoje em minha memória e no meu coração.
Eu morava na Rua da Paz, número 73. Recordo ainda, quando de madrugada passava o trem de carga em direção à cidade de Salgueiro. Eu acordava com o apito do trem, mas permanecia na cama ouvindo o barulho do comboio sobre os trilhos que cortavam Gravatá. E Mesmo sem ver o trem, posto que eram 4 da manhã, eu me sentia passageiro daquele trem que passava e que hoje não passa mais... levou com ele a minha infância que hoje apenas habita as minhas mais ternas e saudosas lembranças.
O Bairro da Boa Vista sempre me encantou com a sua gente, suas casas, ruas e becos. Por mais que pareça estranho, ver as bananeiras nos quintais balançado ao sabor do vento era um espetáculo à parte para o deleite dos meus olhos... hoje, tudo é recordação de um temo áureo da minha vida, que no momento expresso nessa minha retórica saudosista.
Havia a Capela de São João no início da Rua Amaury de Medeiros, à qual eu fazia questão de olhar por dentro toda vez que por ela passava. Nas noites de São João havia novenas na capela e fogueira nas ruas da Boa Vista, quando as Festas Juninas de Gravatá ainda eram tradicionais.
Bem próximo dali, existia o famoso pontilhão, que limitava a Boa Vista do Centro da Cidade e eu amava passar por cima dele toda vez que passava por lá. Entre tantos alijamentos que Gravatá sofreu ao longo dos anos, o pontilhão foi mais um monumento que de tanto sofrer com o descaso público, acabou por ser demolido... hoje tudo virou uma boca banguela...
Quando estou em Gravatá, gosto de passear pela Boa Vista. Gosto de visitar as suas ruas e passear por elas em busca das minhas primeiras emoções vividas naquele lugar que até hoje me encanta.
Guardo dentro de mim a Boa Vista da minha infância e seus encantamentos. Embora o “progresso” teime em aniquilar o que outrora era tão nosso, eu prefiro olhar para aquele bairro com os meus olhos de menino... “que envelheceu um dia, assim, de repente...”
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