Mancha de óleo é vista na Praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.
Foto: Diego Nigro/Reuters
Pesquisas feitas pelo Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apontam o local de origem do derramamento de óleo que sujou mais de 130 praias em todo o Nordeste . Segundo o professor Marcus Silva, a substância saiu de um navio que passava pelo litoral pernambucano.
O professor disse à TV Globo
que os estudos levaram em conta a intensidade das correntes marinhas, a
força e a direção dos ventos e das marés. Para ele, o óleo foi
derramado quando a embarcação estava a uma distância de 40 a 50
quilômetros da costa.
"Muito provavelmente [partiu] do Litoral entre Pernambuco e Paraíba.
Boa parte desse óleo se deslocou e atingiu o Litoral Norte do Nordeste,
como Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. E uma parte se dispersou pelo Litoral Sul, atingindo depois Alagoas, Sergipe e chegando à Bahia nos últimos dias", afirma o professor.
Conforme o
óleo passa mais tempo no mar, a densidade do material aumenta. "Ele vai
se transformando, ficando de uma forma mais densa, que é esse material
mais pesado que tempos visto nos últimos dias no Litoral Sul,
principalmente em Sergipe e na Bahia", afirma o professor.
Com a identificação do ponto do oceano em que o óleo começou a se
alastrar, a nova etapa do trabalho consiste em checar a rota dos navios
petroleiros e o material que cada um levava no fim de agosto, quando as
manchas começaram a sujar as praias.
Na Capitania dos Portos de Pernambuco, o sistema de controle de tráfego de navios usa dados de satélite para localizar e identificar as embarcações que navegaram no litoral nordestino.
"O Centro Integrado de Segurança Marítima, o Cismar, está trabalhando
para identificar os ventos, as correntes, os regimes de maré naquele
período de agosto para identificar o causador desse acidente. Estamos
atentos aos navios-tanque que transitaram pelo Nordeste", diz o capitão
dos Portos de
Pernambuco, Maurício Bravo.
"Em Pernambuco, as informações são de que não tivemos novos eventos.
Foram 19 praias identificadas com algum resíduo de óleo. Após o
recolhimento, outros eventos não voltaram a ocorrer", diz Bravo. Ainda
não há um prazo definido para o término das investigações.
Nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se reuniu com ministros e comandantes das Forças Armadas para discutir o aparecimento de manchas de óleo em praias do Nordeste. O encontro aconteceu na sede do Ministério da Defesa.
Após a reunião, Bolsonaro disse a jornalistas que as manchas de óleo
estão sendo “analisadas” desde 2 de setembro. Ele afirmou que trata-se
de uma investigação “bastante complexa” e frisou que o óleo não é
produzido e nem comercializado no Brasil.
Segundo o presidente, o aparecimento das manchas pode ter origem
criminosa ou acidental. De acordo com ele, existe um país “no radar”,
mas Bolsonaro não quis dizer qual.
No sábado (5), Bolsonaro determinou a investigação das causas e dos responsáveis. As investigações são conduzidas pela Polícia Federal, Ministério da Defesa, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O Ibama informou nesta segunda que vai fazer uma vistoria nos próximos dias para checar se as manchas de óleo que afetam o Litoral do Nordeste atingiram o Rio São Francisco, em Alagoas.
No fim de semana, o Ibama identificou uma mancha que vai desde a Praia
do Pontal do Peba, em Piaçabuçu, até a alguns metros da margem da Foz do
Rio São Francisco.
De acordo com o Ibama, a mancha chegou bem perto da Foz, a alguns
metros da margem, mas somente com uma vistoria vai ser possível afirmar
se a mancha atingiu o rio.
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