Foto: Reprodução.
Cinco pessoas foram presas nesta terça-feira (24/9) acusadas de terem
torturado um rapaz de cerca de 37 anos em um supermercado de São Paulo.
As prisões são temporárias, por 30 dias. Uma sexta pessoa, acusada de
também ter participado do crime, está foragida.
Segundo a
Polícia Civil, dos seis indiciados pelo crime de tortura, quatro eram
funcionários do estabelecimento e dois, de uma empresa de segurança. Um
dos suspeitos teria sido o autor do vídeo e divulgado nas redes sociais.
Na
semana passada, um vídeo mostrou seguranças batendo com um bastão e
usando uma arma de choque contra um homem acusado de furto. A vítima
ainda teve a boca amordaçada com fio elétrico. A tortura durou cerca de
15 minutos.
O caso aconteceu no supermercado Extra Morumbi, na
zona sul paulistana. O supermercado lamentou o fato e disse, por meio de
nota, que proíbe o uso de qualquer tipo de violência. Um inquérito foi
aberto no 89º Distrito Policial para apurar os fatos. A empresa de
segurança Comando G8, responsável pelo serviço de guarda patrimonial do
estabelecimento afirmou que um dos funcionários citado no caso foi
identificado e afastado. Esta foi a segunda denúncia de tortura
praticada por seguranças de supermercado somente neste mês, em São
Paulo.
De acordo com os delegados Roberta Guerra Maransaldi e
Estevão Tirone de Almeida Castro, ambos do 89º Distrito Policial (Jardim
Taboão), dois acusados já prestaram depoimento e confirmaram
participação na tortura. Três serão ouvidos amanhã(25).
Em
depoimento, um dos acusados confessou ter torturado a vítima com
aplicação de choques elétricos, equipamento que ele disse ser seu mesmo.
Por isso ele foi denunciado pelo crime de tortura. Outro suspeito teria
sido responsável por golpear a vítima com vassoura e também será
indicado por tortura ativa. Os demais foram denunciados por tortura de
forma omissa já que, embora não tivessem torturado a vítima, permitiram
que ela fosse torturada pelos demais. No caso da prática da tortura, a
pena pode chegar a 8 anos de reclusão. Já no caso de omissão, a pena é
de até quatro anos de reclusão.
Segundo os delegados, o caso
ficou conhecido apenas recentemente, mas pode ter ocorrido entre abril
de 2017 e janeiro do ano passado. A vítima foi torturada após ter
furtado três peças de carne. Esta era a terceira vez em que ela era pega
furtando no mercado. No dia do crime, o Setor de Prevenção de
Perdas [do supermercado] surpreendeu uma pessoa furtando e pegando três
peças de carne. No momento em que ele [o rapaz suspeito de furtar carne]
deixava o supermercado, quatro funcionários do supermercado o
detiveram, chamaram os seguranças e o conduziram para uma sala que não
tinha utilização no supermercado. Os funcionários pediram para que os
seguranças ficassem na porta, impedindo o acesso de outras pessoas. Por
dez minutos eles ficaram com a vítima na sala praticando torturas.
Passados dez minutos, os seguranças entraram na sala, a vítima gritava
muito, e não cessaram a tortura. Lá eles permaneceram por mais cinco
minutos. Quando os seguranças entraram, a vítima já estava com as calças
abaixadas e amordaçada. No vídeo dá para ver a utilização da máquina de
choque e também a utilização de um cabo de vassoura, disse a
delegada.
A vítima já foi identificada, mas ainda não foi
localizada pela Polícia, que tenta convencê-la a prestar depoimento e
reconhecer os autores da tortura.
Outro caso
No início do
mês, a Polícia Civil começou uma investigação sobre um outro vídeo que
circulava nas redes sociais mostrando um adolescente nu e amordaçado
sendo chicoteado por seguranças do supermercado Ricoy, na zona sul
paulistana. Após a divulgação do primeiro vídeo, surgiram outras imagens
de maus tratos que teriam sido praticados no mesmo estabelecimento.
Os
dois seguranças acusados de chicotear o jovem foram presos. Em nota, o
supermercado afirmou que todos os casos de agressão, discriminação
ou violação dos direitos humanos devem ser punidos com o maior rigor da
lei. Por isso o Ricoy está colaborando com as investigações de forma
irrestrita e proativa. O comunicado diz ainda que o supermercado
nunca orientou qualquer conduta que estimule a violência, a
discriminação, a coação, o constrangimento ou a força desmedida e
desnecessária.
Comentários
Postar um comentário