Foto: Arquivo/Agência Brasil.
A proposta orçamentária do Supremo Tribunal Federal (STF)
para 2020, elaborada pela equipe de Dias Toffoli, não prevê reajuste
salarial para os ministros da Corte, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
O valor global previsto para o orçamento é de R$ 686,7 milhões, uma
queda de aproximadamente R$ 92 milhões em relação ao orçamento de 2019,
que ficou em torno de R$ 778,6 milhões, considerando tanto as despesas
primárias (pessoal, custeio e investimentos) quanto as financeiras
(contribuições previdenciárias).
O tema será
discutido pelos integrantes da Corte em sessão administrativa na próxima
quarta-feira. A redução na proposta orçamentária do STF se deve às
restrições impostas pela emenda constitucional do "Teto de Gastos
Públicos", um instrumento aprovado pelo Congresso Nacional que limita o
crescimento das despesas à variação da inflação. O texto previa um
período de transição de três anos para o Judiciário, que terá de se
adaptar agora plenamente às imposições - antes, o governo cobria
eventual estouro do teto do Judiciário.
Ao
longo dos últimos meses, o Supremo entrou na mira da opinião pública e
da própria Justiça após uma série de gastos públicos, como o contrato de
R$ 481,7 mil que prevê compra de lagostas e vinhos para refeições a
serem servidas a autoridades. A administração de Toffoli decidiu, por
exemplo, abrir recentemente uma licitação milionária para trocar as
cortinas dos três andares do edifício-sede da Corte, onde funciona o
gabinete do ministro. Por um valor total estimado em R$ 1.807.219,80, o
tribunal pretende instalar cortinas motorizadas do tipo rolô, acionadas
por controle remoto.
Segundo o Estado apurou,
os gastos da atual administração foram acelerados justamente para se
antecipar às limitações impostas pela emenda constitucional a partir de
2020.
A previsão de gasto milionário com as
novas cortinas chamou a atenção de servidores, que se queixam de
problemas de manutenção em elevadores e banheiros do tribunal. Na
segunda-feira retrasada, o sistema interno de comunicação do STF
informava que a alimentação de água de um dos edifícios anexos seria
"interrompida em caráter urgente e emergencial", que o sistema de ponto
eletrônico estava fora do ar e que o portal de informações gerenciais se
encontrava "indisponível".
Procurado pela
reportagem, o STF alegou que a aquisição das cortinas está relacionada
com a licitação para a reforma das esquadrias do edifício-sede, estimada
em R$ 6,5 milhões. "Com a reforma das esquadrias, as cortinas terão que
ser retiradas e não será possível reaproveitá-las. A execução desse
contrato se dará apenas em 2020, após o encerramento da obra de
restauração" informou o tribunal.
Em maio, o
Estado informou que os gastos previstos pela gestão de Toffoli já
chegavam a R$ 29,5 milhões, com a compra de veículos blindados, a troca
de aparelho de telefone fixo, a reforma no gabinete da presidência do
tribunal e refeições com lagosta e rótulos de vinhos agraciados com
premiações internacionais.
Histórico
Em
2019, sob a pressão de entidades da magistratura, o STF aprovou a
inclusão de um reajuste 16,38% no salário dos próprios ministros na
proposta que foi encaminhada ao governo federal.
O
reajuste acabou sancionado pelo então presidente Michel Temer, que
aumentou o salário dos ministros do STF de R$ 33.763,00 para R$
39.293,32 (um salto de R$ 5,5 mil), em meio à articulação para
restringir o alcance do auxílio-moradia.
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