Na verdade, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira atropelaram a equipe econômica com sua solução de zerar a Cide para o diesel, que não agrada a Fazenda. Mas, a quatro meses e meio das urnas, os aliados do governo tentam dar uma resposta rápida ao movimento dos caminhoneiros.
Mas Michel Temer e sua equipe estão entre a cruz e a caldeirinha. Não podem reduzir impostos sem compensações, sob o risco de ficar com o caixa vazio até antes das eleições. Ao mesmo tempo, têm medo de mexer na política de preços da Petrobras e jogar por terra um dos principais pilares de seu discurso pós-impeachment.
Temendo o caos que poderia resultar da paralisação, arrastando um governo já muito frágil sabe-se lá para onde e contaminando a todos que não estão na oposição, o Planalto engoliu a solução, desde que acompanhada da promessa de Maia e de Eunício Oliveira de votar o projeto. Só que ela passa pelo que não conseguiram fazer nos últimos meses, que é, finalmente, retirar de diversos setores da indústria o benefício da desoneração da folha de pagamento.
Vão conseguir? Ninguém sabe. Por mais que a votação seja vendida ao grande público como um gesto de solidariedade aos caminhoneiros, que permitirá a redução no preço do diesel e sua volta ao trabalho, as coisas não funcionam bem assim no Legislativo. Do outro lado, o de quem vai ter que pagar mais impostos previdenciários sobre a folha de pagamentos, também há um forte lobby – e do andar de cima.
É uma promessa frágil a um governo mais frágil ainda. Por enquanto, o Planalto ganha tempo. Os presidentes da Câmara e do Senado ganham discurso e mostram boa vontade para ajudar a resolver o problema. Se não der certo, porém – e o Congresso acabar não conseguindo votar a reoneração -, não há dúvidas de que lado os aliados vão estar: o de quem sofre com os preços exorbitantes do diesel e da gasolina.
Blog os Divergentes
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