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DÓLAR SOBE MAIS DE 10% EM 2018 E ATINGE MAIOR VALOS DESDE 2016.

Dólar Foto: Petr Kratochvil 

A preocupação dos investidores com altas adicionais dos juros nos Estados Unidos levou o dólar a registrar, nesta terça-feira (24), o quarto dia de valorização seguido ante o real. A cautela impactou também os principais índices americanos, que recuaram mais de 1%.

A Bolsa brasileira teve queda de 0,16%, para 85.469 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 9,5 bilhões. O dólar comercial teve alta de 0,49%, para R$ 3,470. Desta forma, renovou o maior patamar desde 2 de dezembro de 2016, quando a moeda encerrou a R$ 3,473.

A preocupação com um ritmo mais intenso de aumento de juros nos Estados Unidos voltou a pesar sobre o dólar. A moeda americana se valorizou ante 13 das 31 principais divisas do mundo. "O dólar tem se valorizado no mundo inteiro por causa da dúvida sobre a taxa de juros americana. O mercado precificava mais duas altas, agora precifica mais três aumentos, por causa da elevação do preço de commodities [matérias-primas] como o petróleo, o que tende a gerar inflação no curto prazo", afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
No ano, o barril do petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, acumula valorização de 10,5%. O petróleo WTI, dos Estados Unidos, registra alta de 12,3%. "O petróleo deu uma puxada muito forte, rompeu barreira psicológicas de US$ 65 o barril. Com isso, os investidores já vislumbram uma pressão maior sobre a inflação americana, com um aumento da intervenção do banco central [Federal Reserve] para segurar essa alta de preços", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Essa possibilidade de altas adicionais nos juros pelo banco central americano fez o rendimento dos títulos de dívida dos EUA com vencimento em dez anos baterem 3% pela primeira vez desde janeiro de 2014. Com a alta, os investidores tendem a retirar dinheiro de Bolsa e de mercados emergentes, como o Brasil, para aplicar nos papéis americanos, considerados mais seguros.

Nos mercados americanos, essa possibilidade se traduziu em uma queda de mais de 1% dos principais índices americanos. O índice Dow Jones recuou 1,74%, o S&P 500 se desvalorizou 1,34% e o índice da Bolsa Nasdaq fechou com baixa de 1,70%.

A tendência é que a cautela se mantenha tanto no dólar quanto no mercado acionário, por preocupações geopolíticas envolvendo o acordo nuclear com o Irã. O presidente americano, Donald Trump, já sinalizou que deseja rever os termos do tratado.

Nesta terça-feira (24), o presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que está disposto a discutir um novo acordo nuclear com o Irã. "Isso acaba tendo um impacto de curto prazo pela presença e importância do Irã no Oriente Médio. O aumento do petróleo é geopolítico e também devido ao controle de preços pelo corte de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)", afirma Suzaki, da Lerosa.

Para Jason Vieira, da Infinity Asset, há dúvida sobre por quanto tempo essa valorização vai seguir. "A gente não sabe se os eventos baseados no petróleo internacional são duradouros e o quanto podem levar a uma desvalorização do dólar ou do real. Isso tende a aumentar a cautela."

Fonte: Folha PE




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