Postado em 01 de março de 2024
Então, os dias de chuva em Gravatá, sempre trazem com eles um cheiro especial de infância recheada com saudades e romantismo.
Aqueles ventos alísios e frios, traziam sempre um prenúncio saudosista de dias plúmbeos. Agora, as montanhas azuis de Gravatá acinzentarem-se como trazendo uma combinação perfeita com as nuvens de chuva, formando assim uma orquestração inebriante aos olhos daquele menino da Rua da Paz.
A rua de barro batido, se transformava em uma cachoeira marrom trazendo as águas da chuva, enquanto aquele menino debruçado na porta de sua casa observava atendo o bailar contínuo das águas em procissão ao Rio Ipojuca.
E com o movimento das águas pluviais, a fluidez da imaginação daquele menino o conduzia a muitos longes onde ele sonhava um dia estar. Aqueles momentos de devaneios se perpetuavam em desafio aos ponteiros do relógio, findando por transportar o menino a um transe mágico em meio a raios, trovões e chuva...
Ele não sabia, mas dentro de si habitava o desejo de partir em direção ao mar e ganhar o mundo e apenas se revelou de forma veemente na sua adolescência, quando não fazia mais sentido se perpetuar onde nada era oferecido.
A chuva causava um fascínio inexplicável no menino, findando por ele ter uma enorme predileção pelos dias nublados, pois nessas ocasiões, os seus sonhos faziam bem mais sentido.
Então, os dias de chuva em Gravatá, sempre trazem com eles um cheiro especial de infância recheada com saudades e romantismo. O bailar da chuva por entre as montanhas, açoitando a copa das árvores, remota às vivências da infância daquele menino que fitava o Atlântico...
Hoje, vive o menino para além do Atlântico, onde moram seus sonhos, a muitas léguas de distância onde a vista não mais alcança. O tempo, senhor de tudo, manteve acessa as doces lembranças da chuva que irrigavam o imaginário daquele menino da Rua da Paz, na aurora da sua vida, e que para sempre estará com ele, perdidamente dentro dele, o som daqueles dias de chuva em Gravatá.
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