Postado em 19 de março de 2024
GRAVATÁ! 131 ANOS DE AMOR E DOCES LEMBRANÇAS.
Trago comigo a doce lembrança, daqueles dias de janeiro e de luz tão mansa, que traziam consigo o anúncio de que a Festa de Reis se abeirava. O Pátio da Feira já se preparava para dar lugar aos parques de diversões e eu sempre arrumava um jeito de passar por lá, só para ver a montagem dos brinquedos. Tu, Gravatá, tornava-se ainda mais encantadora e o Agreste inteiro vinha te visitar e prestigiar no Dia de Reis.
A alegria esborrava por tuas ruas e eu, alheio a tudo, observava as crianças que se divertiam nos brinquedos. Por não ter condições e para aplacar a tristeza, à distância fitava aquela alegria e fingia ser eu quem ali estava nos brinquedos. A imaginação de uma criança, muitas vezes, é uma armadura aos percalços que a vida lhe impõe... tem algo de errado com os meus olhos...
Quando março chegava, por entre as tuas montanhas azuis, sentia o vento frio que bailava ao ritmo daquelas tardes de chuvas, adornadas por um céu plúmbeo e entoando seu carão, carregando a alegria e o prenúncio que vinha trazer alento, com a promessa de colheita farta: milho, algodão e feijão. Era o Dia de São José e o teu Aniversário de Emancipação.
Com a colheita farta, as tuas Festas Juninas ganhavam um requinte ainda maior. Aqueles dias de fogueira traziam uma ansiedade contida em nós, mas que transpirava da nossa alma em forma de alegria. Desde cedo, sentíamos o cheiro do milho verde vindo da cozinha, que findava por se transformar em delícias juninas. E quando o dia “morria” para dar lugar a noite, tu ardias em fogueiras incandescentes e o teu céu se enfeitava com balões aleatórios, levados pelo vento.
Sentávamos agasalhados nas calçadas a espreitar os balões, e enquanto a noite ia abraçando a madrugada, a fogueira ia morrendo e o frio do Planalto da Borborema nos açoitava. A essa altura, tu já começavas a adormecer e apenas os sons do Forró eram ouvidos ao longe. E a noite ia partindo; fugindo, fugindo para outro lugar...
No dia que parti em direção à linha do horizonte rumo ao mar, vi a tua imagem agreste diminuir pelo retrovisor e quanto mais me afastava de ti, mais a tristeza de deixar-te apertava em meu peito. Junto com a saudade, levei o teu cheiro, o teu clima e as tuas montanhas azuis em dias de chuva. Guardei para sempre no lado esquerdo dentro do peito... no coração.
Pelos longes aonde vou, tu sempre estás comigo, como a me guiar por um Norte que sempre me trará de volta às tuas terras abençoadas, as quais sempre me trazem a doce lembrança daquelas tardes plúmbeas, trazendo consigo o cheiro do cuscuz e o bailar do vento em parceira constante com a chuva... por entre as tuas eternas montanhas azuis.
GRAVATÁ! 131 ANOS DE AMOR E DOCES LEMBRANÇAS.
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