Postado em 25 de setembro de 2023
Da janela do avião, vejo a paisagem se agigantar, o coração começa a bater mais forte e um misto de alegria com vontade de chorar
E é chegado o grande dia da viagem. As malas estão prontas e grande é ansiedade. Estou me dirigindo ao aeroporto, de onde embarcarei com destino a um encontro que não posso faltar; onde tudo começou e sempre começará, pois os regressos são necessários, mesmo que sejam por um breve tempo de estadia.
Da janela do avião, vejo a paisagem se agigantar, o coração começa a bater mais forte e um misto de alegria com vontade de chorar se confunde em minha mente, causando uma sensação de saudade reprimida, que por teimosia, quer a todo custo explodir do peito. Vejo o Recife! E apesar de todo aquele gigantismo e beleza da capital, os meus pensamentos teimam em me lembrar que tudo é paisagem, posto que o destino derradeiro dessa aventura ainda está por vir.
Subo a Serra das Russas e ao atravessar aquele túnel, Gravatá “se desdobra em um manto de luz.” A sensação agora é de intensa felicidade, ao sentir que a minha cidade-natal abre seus braços em um gesto simbólico de boas-vindas, trazendo à memória aqueles dias de uma luz tão mansa, quando minha mãe corria na Rua Paranaguá para me abraçar, toda vez que regressava de viagem. Hoje, é o vento quem me abraça e nele, sinto a presença toda sã da minha mãe...
Gosto muito de passear pelas ruas de Gravatá, e em cada esquina, buscar as lembranças de menino que um dia eu aqui deixei e que parecem estar sempre me esperando a cada regresso. Gosto de sentir o cheiro da minha terra, da minha gente.
Que graça tem, ver a minha cidade através da janela de um carro? Não há sensação melhor que tocá-la e pisar as suas calçadas irregulares, e no meu caminhar, poder contemplar os olhares cansados da minha gente acolhedora, trabalhadora e brejeira, que é a mais completa tradução do que é ser gravataense.
No Alto do Cruzeiro, sob o Cristo Redentor, contemplo a cidade e sua paisagem infinita. Sinto a brisa que vem do Planalto da Borborema e traz consigo o cheiro de mato misturado à chuva fina que baila por entre as montanhas azuis de Gravatá. Nesse momento, a minha alma sai de mim e baila de mãos dadas com o vento pelas paisagens interioranas da minha cidade e isso renova a minha essência, a minha vida e encerra a saudade tamanha, que apertava o peito. Nos olhares que direciono à cidade, vejo um pouco da minha história em cada ponto dela que consigo alcançar. Vejo a Rua do Norte...
O tempo teima em passar rápido demais e em um descuido repentino, vejo o horizonte-leste. Sinto que é chegada a hora de partir e levar comigo, todas as minhas recordações e saudades que me acompanham pelas veredas do meu caminhar e que sempre vêm à parede da memória, como a me lembrar que nunca, jamais, deverei e não irei te esquecer... Gravatá!
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