Postado em 22 de agosto de 2023
Da janela da minha casa na Rua Paranaguá, avistava o Bairro Novo imponente todo azulado por conta da chuva, e nos meus devaneios de menino, me imaginava com poderes alados de super-herói
Naqueles dias escaldantes de verão, a natureza sempre nos presenteava com tardes de céu plúmbeo, ventos incontroláveis e chuva que nos trazia alento. Era uma recompensa pelo sol que que nos castigava naqueles dias secos desde a manhã. E como era poético ver aquela chuva fina bailando com o vento frio por entre as montanhas azuis que cercam Gravatá!
Da janela da minha casa na Rua Paranaguá, avistava o Bairro Novo imponente todo azulado por conta da chuva, e nos meus devaneios de menino, me imaginava com poderes alados de super-herói serpenteando o vazio infinito por cima das casas, como a uma pipa desgovernada quando se desprende da rabiola.
Nos meus idílios, o vento sempre me conduzia na direção do mar. E mesmo nos dias ensolarados, principalmente nos dias de domingo, ao guinar a minha vista em direção ao Leste, sentia que naquela mesma direção algo me atraia como um imã e coincidentemente, o céu daquele ponto cardinal brilhava mais fúlgido como se estive a me guiar como a estrela de Belém.
Um dia, saí dos devaneios e rumei em direção ao Leste. Estava eu a caminho do mar e sendo conduzido pelo vento, o meu destino encontrei: o mundo! Com o tempo, adquiri a plena consciência de que eu avistei o mundo. E ele se iniciava nas terras de Gravatá, parodiando Cícero Dias.
Hoje, o vento voltou a soprar em minha direção, fazendo o chamado no sentido contrário. A saudade daquelas tardes de chuva me remonta a um tempo que um dia quero tornar a viver. Como AINDA não é possível tudo isso acontecer, busco acalanto nas visitas que faço a Gravatá, quando olho para as suas montanhas que hoje não são tão mais azuis como outrora, em busca daquelas lembranças de menino e em busca daquelas primeiras impressões poéticas que tinha da minha cidade, naquelas tardes de céu plúmbeo.
Embora eu esteja sempre seguindo em frente na vida em busca da minha “Pasárgada”, o retrovisor das minhas lembranças vem à parede da memória me lembrar que algo ficou preso no passado... Sim. A minha alma! Ela está encrava para sempre na raiz de um Pé de Gravatá.
Comentários
Postar um comentário