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Novo destino: casco do ex-porta-aviões São Paulo ruma para Pernambuco


Postado em 05/09/22

Rebocador que transporta a antiga embarcação era esperada no Rio de Janeiro no fim de semana, mas tomou novo rumo para o Porto de Suape

A saga do desmonte do antigo porta-aviões São Paulo teve mais uma mudança de percurso em sua viagem. O rebocador que leva o casco da embarcação tinha como destino o Rio de Janeiro (RJ), mas agora está navegando para o Porto de Suape (PE), onde sua chegada é esperada para quarta-feira (5).


Segundo o monitoramento em tempo real do Greenpeace, o comboio deu volta na última sexta-feira (30/9) quando navegava próximo do litoral do Espírito Santo. O novo destino do navio desativado (que pode ser acompanhado pelo código do rebocador), no Pernambuco, já aparece atualizado nas plataformas de monitoramento em tempo real de embarcações.

Como a gente apuramos, a passagem do porta-aviões em Suape seria uma parada técnica e até o momento ele não está autorizado a atracar. Portanto, o navio ficará distante do porto, “fundeado numa área ao norte do Recife”, segundo uma fonte ouvida pela reportagem. Comenta-se também que o casco do navio militar deve passar por um teste de flutuabilidade nos próximos dias, para avaliar as condições da estrutura e definir seu próximo local de atracação.

Há relatos ainda não confirmados de que o porta-aviões foi proibido de retornar para a Baía de Guanabara e por isso mudou seu destino. A embarcação ficava estacionada na região, no Arsenal da Marinha, na Ilha das Cobras. A reportagem não conseguiu um retorno da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro.


Esta foi a segunda alteração na jornada de despedida do ex-Navio-Aeródromo São Paulo (A-12). O casco do barco que pertenceu à Marinha do Brasil partiu do Rio de Janeiro em 4 maio preso ao rebocador holandês Alp Centre e seguiu em direção a Turquia, onde ele seria desmontado. No Entanto, em 26 de agosto, as autoridades turcas barraram a entrada da embarcação em seu território. No começo de setembro, o grupo também foi desautorizado a passar pelas águas de Gibraltar, território do Reino Unido na entrada do Mar Mediterrâneo.

Pressionado por grupos ambientalistas, o governo turco reclamou da falta de um inventário mais detalhado sobre a presença de materiais tóxicos na embarcação e proibiu a passagem do barco em suas águas. Em resposta, o IBAMA pediu o retorno do porta-aviões e notificou o exportador brasileiro do navio, a empresa carioca Oceans Prime, que conduz o deslocamento do navio.

O casco do porta-aviões São Paulo foi arrematado em março de 2021 por R$ 10,5 milhões por representantes brasileiros do estaleiro turco Sok Denizcilikve Tic, que é especializado no desmanche de embarcações desativadas.


Maior navio de guerra do Brasil

O navio-aeródromo São Paulo chegou às mãos da Marinha do Brasil no ano 2000, comprado da França por US$ 12 milhões durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O navio foi o substituto do NAeL Minas Gerais, que operou no Brasil entre 1960 e 2001.

Quando ainda estava ativo, o São Paulo era o porta-aviões mais antigo do mundo em operação. A embarcação foi lançada ao mar em 1960 e serviu com a marinha da França com o nome FS Foch, de 1963 até 2000. Sob a identidade francesa, o navio de 32,8 mil toneladas e 265 metros de comprimento atuou em frentes de combate na África, Oriente Médio e na Europa.

Com a Marinha do Brasil, no entanto, a embarcação teve uma carreira curta e bastante conturbada, marcada por uma série de problemas mecânicos e acidentes. Por esses percalços, o navio passou mais tempo parado do que navegando. Em fevereiro de 2017, após desistir de atualizar o porta-aviões, o comando naval decidiu desativar o NAe São Paulo em definitivo.


Porta-aviões gêmeo, Clemenceau passou por situação parecida

O Clemenceau, irmão do Foch, que foi desmantelado no Reino Unido entre 2009 e 2010, teria cerca de 760 toneladas da substância retirada de seu casco. Desativado em 1997, o porta-aviões foi vendido para uma empresa espanhola em 2003, que pretendia desmontá-lo também na Turquia, mas a França cancelou o acordo.

Dois anos depois, o governo francês tentou levá-lo para a Índia, onde outro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais, foi desmontado sem quaisquer cuidados.


A tentativa foi frustrada pelo Egito, que impediu que o Clemenceau passasse pelo Canal de Suez. Após discussões prolongadas, a França decidiu trazer o navio de volta. Em 2008, finalmente o porta-aviões seguiu para Hartlepool, no norte da Inglaterra, onde a empresa Able UK o desmontou.






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