Postado em 08/10/22
Instituto alega que soma além dos 100% ocorre em razão da não utilização de casas decimais
A pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta sexta-feira (7) apresenta resultados que atingem 101%. De acordo com o levantamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 49% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro, com 44%. Brancos e nulos aparecem com 6%, e 2% dos entrevistados disseram não saber.
No total, a soma de todos os índices atinge o patamar de 101%. Procurado por nos, o Datafolha informou, por meio de sua assessoria, que não usa "casas decimais, e com o arredondamento os percentuais podem variar entre 99% e 101%".
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no total, no primeiro turno das eleições, 123 milhões de pessoas foram às urnas. Neste caso, 1% de diferença representaria 1,2 milhão de eleitores. A pesquisa citada foi realizada de modo estimulado, quando o funcionário do instituto apresenta os nomes e os eleitores apontam o candidato.
Durante a pesquisa, o Datafolha ouviu 2.884 eleitores em 179 cidades. A pesquisa foi contratada pela Folha e pela TV Globo. O levantamento está registrado no TSE sob o número BR-02012/2022 e tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou menos, de acordo com o instituto.
Erros
Os institutos estão na mira da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pesquisa, que na quinta-feira (6) conseguiu alcançar o número suficiente de assinaturas para a abertura da investigação.
Os resultados do primeiro turno das eleições, que ocorreram no domingo (2), frustraram as previsões das pesquisas feitas pelos principais institutos de levantamento sobre a preferência do eleitorado do país. Na eleição presidencial, por exemplo, Datafolha e Ipec davam menos de 40% dos votos ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontaram a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar sem a necessidade de segundo turno, mas ambos erraram.
Desde agosto, o Ipec fez sete pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto. Considerando os votos válidos, o petista oscilou de 52% para 51%. Levando em conta a margem de erro de 2 pontos percentuais estabelecida pelo instituto, o Ipec se aproximou do resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que registrou 48% dos votos para Lula.
No entanto, a empresa não chegou nem perto do total de votos obtidos por Bolsonaro. O presidente teve 43%, segundo o TSE. Nos sete levantamentos do Ipec, contudo, o chefe do Executivo começou e terminou com 37% dos votos válidos. Com o Datafolha, não foi diferente. Em seis pesquisas feitas desde agosto, Lula iniciou com 51% dos votos válidos e terminou com 50%. Bolsonaro, por sua vez, tinha 35% na primeira amostra e 36% na última.
Os levantamentos para alguns governos estaduais também não se confirmaram. Em Mato Grosso do Sul, o Ipec divulgado na véspera da eleição listava André Puccinelli (MDB) com a maior intenção de votos, mas ele acabou nem indo para o segundo turno, que será disputado por Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB).
Sobre os resultados das amostras para a Presidência da República que indicaram um resultado muito distante do obtido por Bolsonaro após a apuração das urnas, o Ipec respondeu que isso pode ter acontecido por causa dos votos de eleitores que estavam indecisos ou que deixaram de votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) para votar em Bolsonaro. "Tais fatores já demonstravam uma provável migração de votos desses dois candidatos para Jair Bolsonaro."
Por fim, em relação às variações de resultados observadas nas pesquisas estaduais do 1º turno, o Ipec comentou "seu compromisso de buscar soluções que eventualmente possam ser agregadas ou consideradas em conjunto com a sua metodologia e procedimentos operacionais". "Contudo, este é um processo que requer tempo de estudo, análise e comprovação de hipóteses, para que possam ser implementados."
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