Postado em 05/04/22
"Canta meu sabiá! Voa meu sabiá! Adeus meu sabiá! Até um dia!”
O ano era 1983. Após vinte e oito dias em coma, o Brasil foi surpreendido com aquela notícia que não queríamos receber: “Morreu a cantora Clara Nunes.” O Brasil ficou em silêncio, o vento soprou, formou-se tempestade... A mineira guerreira nos deixava para ir morar nas estrelas...
Ao longo de sua brilhante carreira, Clara Nunes foi uma das maiores divulgadoras da verdadeira Música Brasileira; a música de raiz, com cunho totalmente popular e africano. Ela não temia a rocha, o cais... Clara fazia do seu canto, a ponta de lança que guiava o seu canto pelo mundo e todos nós brasileiros nos enchia de orgulho.
Ela foi uma das primeiras cantoras brasileiras a vender mais de duzentas mil cópias de um disco, assim como ela fez grande sucesso no Japão e na Europa. E foi exatamente depois de fazer sucesso no exterior, que a crítica e o público brasileiro se renderam ao talento incomum e a sua força em divulgar a Cultura Afro-Brasileira, através dos seus trabalhos fonográficos e suas apresentações magistrais.
Clara Nunes trazia em si, a brasilidade de Minas Gerais, mas por encantamento e amor, se rendeu aos encantos do Samba do Rio de Janeiro, onde se tornou uma grande embaixadora de sua Escola de Samba amada, a grande campeã Portela. Como agradecimento, ela gravou o célebre “Portela na Avenida,” o qual até hoje é cantado durante o início dos desfiles da Portela.
Filha de Ogum e Iansã, a mineira guerreira trazia consigo a estirpe da nossa gente, do nosso berço... Brasil! Ela não apenas representava as suas origens, mas também representa a alma de todos os brasileiros amantes da boa música; a música que realmente nos representa, através de letras marcantes e melodias maravilhosas.
“Mas, aconteceu que um dia, o Menino Deus Chamou...” A guerreira descansou!
O Brasil chorou a sua partida e para sempre ficamos órfãos de Clara Nunes. Ficamos sem a alegria e o encantamento daquela mulher linda, vestida de branco, totalmente integrada à Cultura do país o qual ela representava muito bem.
Trinta e nove anos se passaram, mas parece que foi hoje que naquele fatídico 2 de abril de 1983, fomos estatelados com a notícia da morte de Clara Nunes. No entanto, como bem sabemos, o ser humano morre. Sua arte e legado, esses continuam para sempre.
“Canta meu sabiá! Voa meu sabiá! Adeus meu sabiá! Até um dia!”
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