Postado em 24/01/22
A grande chance de mudança veio no programa do Ary Barroso, onde ela virou motivo de chacota, até a hora em que disse que era do planeta fome.
Existem histórias que são eternas e logicamente nos inspiram para sempre. O legado de vida de Elza Soares é um exemplo perfeito de tudo o que se refere às lutas, perseverança, altivez e personalidade. Ela nasceu em Moça Bonita, hoje conhecida como Vila Vintém, que fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Viveu no morro e passou pela infância quase sem perceber, pois, precisou carregar água na cabeça para sobreviver. Passou fome, preconceito e ainda teve que se casar aos doze anos de idade por conta de um beijo. Desse casamento, ficou grávida e perdeu os dois filhos.
A grande chance de mudança veio no programa do Ary Barroso, onde ela virou motivo de chacota, até a hora em que disse que era do planeta fome. O tempo passou e, segundo a própria Elza, nós ainda vivemos em um “planeta com fome de educação, fome de oportunidade, fome de tolerância, fome de respeito e fome de humanidade.” Durante a Copa de 62 no Chile, visitou a concentração da Seleção Brasileira e lá conheceu o grande amor da vida dela, Mané Garrincha. O Brasil foi campeão e Elza foi eleita a “Musa daquela Seleção.” No entanto, como um grande contraponto, foi duramente criticada por isso, mas ela seguiu em frente, reta feito bala.
No final do Século XX, ela foi eleita pela BBC de Londres como a CANTORA BRASILEIRA DO SÉCULO. Título mais que merecido, para uma mulher guerreira que nunca desistiu de ser feliz. Uma verdadeira deusa! A Deusa da Vila Vintém, que desde menina nunca se entregou aos parâmetros sociais conservadores, os quais sempre teimaram em exclui-la, assim como acontece com os menos favorecidos no Brasil. Mas Elza Soares seguiu em frente.
Partiu no dia 20 de janeiro, que por coincidência, foi o mesmo dia que o Garrincha nos deixou em 1983. A partida da Elza Soares nos causa uma comoção que vem do fundo da alma, pois ela era um ser que falava com a alma, e melhor ainda, cantava com a alma. E como cantava bem. Em 2020, foi o enredo da sua escola querida, a Mocidade Independente de Padre Miguel, que em um desfile emocionante e lindo, Elza Soares arrebatou a Passarela do Samba do Rio de Janeiro.
Um dos seus grandes momentos da carreira artística de Elza Soares, sem dúvida, foi durante a Abertura dos Jogos Pan Americanos do Rio, em 2007, quando ela, à capela, cantou o Hino Nacional Brasileiro para um Maracanã completamente lotado e sua voz ecoou pelo resto do mundo. Assim como para sempre ecoará.
A história de vida desse Deusa Negra tem sido uma fonte de inspiração para muitos artistas, mas principalmente para todas as mulheres brasileiras que carregam latas d’água na cabeça, que lutam contra o preconceito, que buscam os seus ideais e jamais desistem da vida e nem dos seus sonhos. É para essas guerreiras, que Elza Soares se tornou uma deusa de inspiração e coragem. “Lata d’água na cabeça! Lá vai Maria! Lá vai Maria! Sobe o morro e não se cansa” ... Lá vai Elza, em direção às estrelas. DESANSE EM PAZ, ELZA DEUSA SOARES.
Queridos Josivaldo, como sempre voce escreveu um texto muito bonito sobre a Elza Soares, mulher perseverante com grande fibra e talento, amei e que ela tenha seguido em paz e nos daqui ficamos com um Grande exemplo!!
ResponderExcluirMeu amigo e irmão você escreveu lindamente um precioso texto sobre a diva Elza Soares... Fica o exemplo dessa grande Mulher talentosa. Parabéns!Forte Abraço.
ResponderExcluirLindo texto
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