Nos finais de tarde, a chuva fina se aproximava pelo Planalto da Borborema, trazendo consigo o vento frio e a neblina que encobria as montanhas que circulam Gravatá; as montanhas azuis. Tudo era lindo e brejeiro ao mesmo tempo. Tudo era simples, tudo era matuto, bonito de se ver e viver.
O tempo passa e essas memórias nunca saem das nossas mentes, posto que ao nascermos em Gravatá a nossa alma aqui permanece, assim como a nossa essência, a nossa biografia… As nossas raízes são e para sempre continuarão a ser raízes gravataenses.
Antigamente, visitar o Alto do Cruzeiro era a melhor opção de lazer para os desafortunados que não podiam frequentar os clubes da cidade e suas piscinas. Isso era coisa de “elite.” Era muito prazerão subirmos, a já destruída “Escada da Felicidade,” e lermos os nomes das pessoas que fizeram parte da História de Gravatá e bem junto ao Cristo podermos contemplar a beleza da nossa amada terra; a terra de Justino Carreiro de Miranda, a qual é abençoada por Senhora Sant’Ana. Costumo dizer que vista lá do Alto do Cruzeiro, Gravatá se agiganta e sempre nos apresenta uma imagem inédita aos nossos olhos, mesmo que passemos horas lá em cima.
Hoje, infelizmente a imagem que se tem do Alto do Cruzeiro é de abandono e descaso, culminando com favelização e falta de segurança. Aquilo virou “terra de ninguém”, pois já tiveram a ousadia de pintar o Cristo Redentor de azul e construir aquela casa grande que tapa a visão da Igreja do Cristo Rei e ofusca a onipresença do Cristo, descaracterizando totalmente o local, o qual já deveria ter sido tombado como Patrimônio Histórico Público Municipal e transformado em um parque com toda infraestrutura que o Cruzeiro merece.
Esperemos que nas próximas eleições, a população saiba escolher bem os seus representantes, e que os mesmos tenham COMPROMISSO COM GRAVATÁ. Só assim, e assim esperamos, essa realidade atual mudará e Gravatá, através dos seus mandarins e sob os olhares atentos do seu povo, acordará para o Século XXI. Caso contrário, continuaremos estagnados nessa mesmice, nesse marasmo e nesse posicionamento alheio ao desenvolvimento, o qual teima em aniquilar a nossa cidade; sua história, sua cultura e sua memória.
Até que isso realmente aconteça de fato, continuaremos a admirar as montanhas azuis que cercam Gravatá, na esperança que o Planalto da Borborema nos traga de volta aquela chuva fina, a qual possa trazer mudanças… Mudanças essas, mais que urgentemente necessárias. Que assim seja!
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