Era início de Janeiro de 2000. O Bar Acalanto estava lotado e eu estava assistindo à apresentação do Maurício Meneses, quando ele começou a cantar uma canção antiga chamada “Verônica.”
Fiquei muito feliz e falei para ele que aquela canção havia feito parte da minha infância. Maurício então, me informou que o seu xará Maurício Reis iria se apresentar ao lado da praça da matriz em alguns minutos. Imediatamente saí do bar acalanto e me posicionei em frente ao palco montado bem em frente à antiga sorveteria alvorada. Chovia muito!!!
Em meio à chuva, foi anunciado: “Maurício Reis, o poeta do cravo branco!” De repente, um homem todo de branco subiu ao palco tendo ao paletó, um cravo branco. Era como se uma entidade se fizesse presente. O público começou a aplaudir. Ele pegou o microfone e começou a cantar com sua voz maravilhosa, a qual o consagrou como uma das mais belas do cancioneiro brasileiro. Eu estava ensopado pela chuva, mas maravilhado por estar diante de um dos melhores cantores do Brasil, o nosso Maurício Reis, o qual eu já escutava desde criança.
Acabei por comprar um CD do Maurício Reis e o tenho até hoje. Meses depois àquela data, já de volta ao Rio de Janeiro, fui informado pela minha irmã do falecimento dele no dia 22 de Julho de 2000. Duas décadas já se passaram desde aquele acidente fatídico…
Não julgo oportuno lembrar a morte dele com uma tratativa triste. Prefiro celebrar a sua vida, o seu legado, a sua obra e o seu amor pela terra que o adotou; Gravatá. Celebro aqui, com muito orgulho, respeito e admiração, o brilho e a competência que Maurício Reis nos presenteou por muitos anos, assim como o que ele sempre soube fazer: CANTAR!!!!
O Poeta do cravo branco sempre foi uma unanimidade para os amantes da boa voz e da boa música. Embora muitos o considerarem como um cantor de brega e dor de cotovelo, a verdade é que o timbre da voz de Maurício Reis é inigualável e ele podia cantar desde o brega até ópera, se assim o quisesse, uma vez que ele tinha timbre de tenor. Simplesmente uma extensão vocal inconfundível.
Além de todas essas qualidades artísticas, Maurício Reis possuía uma simplicidade singular. Ele costumava se apresentar em qualquer palco; desde programas de auditório, onde ele ganhou o concurso do Programa Raul Gil na TV Tupi, até picadeiros de circo. Era um artista que estava onde o público estivesse. Por isso que ele sempre foi essa unanimidade e habitava qualquer ambiente. Artista como Maurício Reis, na conjuntura atual, é uma raridade. Outro igual, jamais!
Portanto, enquanto existir uma radiola de ficha e um boêmio em um canto isolado de um botequim, certamente a voz de Maurício Reis estará sempre ecoando no ambiente para aquecer os corações solitários dos notívagos de plantão.
“Verônica!.......”
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