Representantes de PE, PB, AL, SE, RN e CE se reuniram com Marinha e
Ibama para discutir o caso das manchas nas praias.
Foto: Peu Ricardo/DP.
Os estados do Nordeste que tiveram praias sujas de petróleo cru irão
denunciar o caso à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. A
decisão foi tomada na tarde desta última terça-feira (1º), após reunião na
vice-governadoria de Pernambuco com o Ibama, Marinha e representantes
das agências estaduais de meio ambiente do Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Alagoas, Sergipe e PE. Apesar de não estarem presentes na
reunião, Maranhão e Piauí também assinarão a denúncia, junto aos outros.
Independentemente do resultado da investigação, há o entendimento de
que se trata de um crime ambiental, já que o dano à natureza já foi
consumado.
Ao todo, 114 locais foram
poluídos pelo material. “Se fosse um acidente, o responsável já teria
comunicado às autoridades e procurado ajuda. Os seis estados presentes
nessa reunião decidiram e vamos oficiar a PF e o MPF, para que se
identifique a fonte causadora e para que isso não traga danos à
economia, à população e, principalmente, ao meio ambiente”, afirma o
secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José
Bertotti.
Segundo
Bertotti, há duas hipóteses para o espalhamento de petróleo nas praias.
A primeira é que possa ter sido causada pela lavagem do lastro de um
navio, crime ambiental comum em outras épocas. Já a outra tese é de
acidente com navio, que não teria sido comunicado às autoridades.
A
análise do material é realizada pela Marinha. Até o momento, foram
coletados mais de 40 amostras de conteúdo nos oito estados afetados
(Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas e Sergipe). No caso de PE, PB, AL e RN, os testes atestam ser
petróleo cru. As outras localidades ainda aguardam anúncio dos
resultados.
“Temos a identificação de todos os
navios que passam pela costa brasileira. Vamos identificar, em um espaço
amostral, quais os navios que passaram, ver as características deles e
as embarcações suspeitas serão notificadas, para que apresentem amostras
e possamos checá-las em nosso banco de dados”, pontua Maurício Bravo,
capitão dos portos de Pernambuco. “É difícil, mas é possível chegar ao
responsável pelo dano, desde que as amostras dos navios sejam
coletadas”, acrescenta.
Em Sergipe, além das manchas, apareceram tonéis de óleo nas praias. Foto: Cortesia/Adema.
Limpeza
Para ajudar na limpeza das
praias, a Petrobras cedeu 100 funcionários à Marinha Brasileira. O total
de danos ainda não foi contabilizado pelas autoridades. “A atividade de
limpeza é complicada, porque esse material encrava nas rochas. Quando
encontrarmos o culpado, será aplicada uma multa que vai de R$ 5 a R$ 50
milhões”, conta a coordenadora técnica do Ibama em PE, Lisânia Pedrosa.
Os
locais mais atingidos pelo petróleo cru foram Ceará, Maranhão e o Rio
Grande do Norte. Pernambuco e Paraíba, primeiros estados em que foram
detectados o conteúdo, foram afetados em menor grau, se comparado. A
primeira aparição aconteceu em 30 de agosto, na Praia do Conde (PB). Em 2
de setembro, o material surgiu na Praia Del Chifre, em Olinda (PE).
Em
um primeiro momento, a substância foi identificada como piche. E a
razão disso é química. “O petróleo cru é uma mistura de hidrocarbonetos.
Quando vai para o mar, uma parte leve dele evapora com a temperatura. E
fica uma parte pesada, que gera o piche”, explica Lisânia do Ibama.
Segundo o capitão dos portos de PE, Marcus Bravo, serão rastreados todos
os navios que passaram pela costa nordestina.
Foto: Peu Ricardo/DP.
Danos
O turismo no Rio Grande do Norte
foi afetado, segundo o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Leonlene de Sousa. “Já há um
impacto negativo, de forma imediata, uma vez que se cria uma
preocupação, as pessoas deixam de ir para as praias por causa das
manchas. Tive reclamações de empresas de turismo que perderam clientes,
que desistiram de viajar por causa disso. E está chegando o período de
alta estação”, destaca.
Praias importantes,
como Pipa e Genipabú, ficaram sujas pelo petróleo. “Nessa perspectiva de
crime ambiental, os estados pedem ao Governo Federal que nos auxiliem.
Além dos danos às pessoas e animais, temos uma preocupação grande com a
questão econômica e turística”, aponta Leonlene.
O
último estado afetado, até o momento, foi Sergipe. O primeiro registro
foi no dia 24, na Praia de Pirambu. Além de manchas, apareceram também
tonéis de óleo nas praias. “Todo o litoral norte sergipano foi afetado.
No litoral sul também aparece, em menor quantidade. Estamos fazendo um
trabalho mitigador, para minimizar o prejuízo ao turismo”, discorre
Gilvan Dias, diretor-presidente da Administração Estadual do Meio
Ambiente (Adema).
Comentários
Postar um comentário