Cecília Cavalcanti é especialista em oncologia
ocular e integra equipe do Hope, um dos poucos hospitais do Nordeste a
contar com profissionais capacitados para esse atendimento
Luiz Pessoa/JC360.
Exposição aos raios solares é fator de risco. Doença pode ser originada
em tumores de mama, nas mulheres, e de pulmão, nos homens.
Apesar de o câncer de mama ser o de
maior incidência entre as brasileiras, a campanha Outubro Rosa se
consagrou entre as mulheres e alerta cada vez mais para a importância da
prevenção. Mas a atenção precisa estar igualmente voltada para outros
órgãos que podem ser afetados, como os olhos. O câncer ocular pode se
desenvolver a partir de vários fatores - e um dos principais é a
metástase do câncer de mama. Hoje, no Dia Mundial da Visão, o alerta se
volta, também, para essa doença, que pode levar o paciente à perda da
capacidade de enxergar.
Raro e pouco conhecido entre a população, esse tipo de câncer pode
trazer danos irreversíveis caso não seja diagnosticado e tratado da
forma devida. Ele se manifesta de duas formas: por meio de tumores
primários, ou seja, que nascem no próprio olho e se desenvolvem na
conjuntiva, retina, nervo óptico, córnea ou, ainda, na pálpebra e no
canal lacrimal. Já os secundários se fixam no olho e são metástases do
câncer de mama, entre as mulheres, ou do câncer do pulmão, entre os
homens. A alta incidência de raios solares também é um fator de risco, o
que faz com que o Nordeste se destaque entre as regiões que mais
registram casos da doença, segundo o International Journal of Cancer.
“Os sintomas variam de acordo com a localização da lesão. Tumores
palpebrais muitas vezes podem ser percebidos pelos próprios pacientes.
Tumores da conjuntiva podem ser percebidos pelo paciente ou em consulta
oftalmológica de rotina e, geralmente, vêm acompanhados de irritação
ocular”, explica a médica do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE)
Cecília Cavalcanti, especialista em oncologia ocular. “Os tumores
intraoculares, como as metástases e o melanoma uveal, só são
diagnosticados ao exame oftalmológico, seja de rotina ou por apresentar
queixas como moscas volantes ou baixa acuidade visual”, continua a
médica.
Tumores menores e diagnosticados precocemente têm mais chance de
cura. “No entanto, se o tumor atingir a retina e a coróide, pode levar à
baixa visual irreversível, principalmente se acometer a região central
da visão”, ressalta a médica. Ela detalha que o tumor maligno, tanto de
pálpebras e conjuntiva, como o uveal (íris, corpo ciliar e coróide), se
comporta de uma forma diferente e pode ter metástases, principalmente
para o fígado e, em segundo lugar, para o pulmão. “Nesses casos, eles
têm uma alta taxa de mortalidade”, aponta Cecília.
A maioria dos cânceres da superfície ocular tem grande relação com
exposição aos raios ultravioleta. “No entanto, existem outro fatores de
risco, como exposição à radiação ionizante, imunossupressão, contato com
vírus HPV, além de algumas doenças que podem predispor o surgimento de
tumores, como o albinismo”, pontua Cecília Cavalcanti. “Além disso, para
tumores intraoculares, como o melanoma, e os tumores de superfície,
também há a tendência de se desenvolver mais em pessoas de pele clara e
em pessoas mais velhas”, esclarece a médica, destacando que, no entanto,
cada vez mais pacientes jovens também estão sendo diagnosticados.
O tratamento depende da localização da lesão. Tumores de superfície
podem ser retirados cirurgicamente e, em algumas ocasiões, quando são
infiltrativos, podem necessitar de radiação. “Ou até uma cirurgia
infelizmente mais mutilante, como enucleação ou exenteração. Já com
relação às metástases, geralmente aguardamos resultados com o tratamento
quimioterápico sistêmico.” Pelo fato desse câncer ser raro, a
especialidade de oncologia ocular não é facilmente encontrada. “O Hope
está preparado para esse atendimento, pois conta com vários desses
profissionais. É uma especialidade que abrange a oftalmologia como um
todo, pois interage com todas as outras.”
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