Major Fabrício Vieira, do 23º BPM, detalha a prisão de Zé do Rolo. Foto: Diogo Cavalcante/DP.
Será transferido para o Rio de Janeiro nos próximos dias José Bezerra de
Lira, 42 anos, apontado como integrante de uma milícia carioca
responsável por dois prédios que desabaram em 12 de abril desde ano na
comunidade da Muzema. Conhecido como Zé do Rolo, o homem foi preso pela
Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) na tarde dessa quarta-feira (18),
enquanto descansava em um sítio da zona rural de Afogados da Ingazeira,
Sertão do estado. Natural de Brejinho, também no Sertão, ele voltou a
sua terra natal de carro imediatamente após a queda dos edifícios, de
acordo com a PM.
A prisão foi detalhada em
coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta (19), no Quartel do
Derby, área central do Recife. As primeiras informações sobre a
presença de Zé do Rolo no Sertão surgiram há dois meses. Desde então, o
23º Batalhão da PM buscava prender o homem. Uma das diligências foi
realizada em junho, quando o efetivo foi à casa dos pais dele, em
Brejinho, sem sucesso.
“No domingo, recebemos a
informação de que ele estava em um sítio na zona rural de Afogados,
promovendo uma festa privada. Por volta do meio dia, fizemos um cerco no
local. Foram destacados 14 agentes para essa ação. Ele estava deitado
numa rede e correu descalço, mas foi preso”, conta o major Fabrício
Vieira, comandante do 23º BPM.
O oficial
explica que Zé do Rolo teria comprado o sítio de seu cunhado, dono de um
posto de gasolina em São José do Egito. O terreno tem aproximadamente
70 hectares. “É uma boa propriedade. A casa é razoavelmente boa, bem
segura para uma pessoa que estava escondida”, destaca. No local, foram
apreendidas duas espingardas, 19 cartuchos de munição e um carro, que
teria sido usado pelo homem para fugir do Rio de Janeiro para o Sertão
pernambucano.
Suspeito trabalhou na comercialização de prédio cujo desabamento deixou
20 mortos no Alto da Muzema em abril. Foto: Acervo Pessoal.
De lá, o suspeito foi levado para a Delegacia de Afogados da
Ingazeira. “Ante as investigações feitas pela delegada Adriana Belém (do
Rio), sabe-se que o Zé do Rolo estava por lá há 20 anos e trabalhava há
13 nesse ramo de construções irregulares. Ele necessitava de tempo para
conseguir confiança dos milicianos, para que nada desse errado e os
lucros com a venda dos apartamentos estivessem altos”, detalha o
delegado Ubiratan Rocha, que também participou da coletiva.
“No
depoimento, ele se mostrou bastante nervoso. É o último foragido do
desabamento na Muzema. Temos uma linha investigativa para saber se ele
estava sendo monitorado por milícias, justamente, para mantê-lo calado.
Ele não quer abrir qualquer tipo de informação porque há familiares dele
no Rio que podem estar sendo ameaçado por milicianos”, pontua o
delegado, que ressalva que mais informações sobre a transferência não
podem ser repassados por questões de segurança.
A
prisão de José Bezerra de Lira foi expedida pelo Tribunal de Justiça do
Rio em 16 de julho. Além dele, o documento pedia também a detenção de
Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro. Os três foram
indiciados por homicídio com dolo eventual (risco assumido) de 24
pessoas, vítimas do desabamento dos prédios na Muzema. Em Pernambuco, Zé
do Rolo foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma.
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