Foto: Fabio Rodrigues Pozze bom/Agência Brasil.
Em sua segunda visita ao Nordeste em menos de um mês, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que governadores da região
"fazem politicalha", querem transformar o Nordeste "em uma Cuba" e negou
que tenha agido com preconceito contra os nordestinos.
"Não
estou aqui com colegas nordestinos para fazer média. [...] Mas não
existe esta questão de preconceito. Eu tenho preconceito é com
governador ladrão que não faz nada para o seu estado", afirmou o
presidente em Sobradinho (a 602 km de Salvador), nesta segunda-feira
(5).
Bolsonaro voltou a negar que tenha se
referido aos governadores nordestinos como "paraíbas". Disse que fez
críticas específicas aos governadores do Maranhão, Flávio Dino (PC do B)
e da Paraíba, João Azevêdo (PSB), mas afirmou que não vai penalizar os
estados.
"Não vou negar nada para o estado. Mas
se eles [governadores] quiserem que realmente isso tudo seja atendido,
eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair
Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversa com eles e vou
divulgar obras junto às prefeituras", afirmou.
Bolsonaro
ainda afirmou que o Nordeste tem recebido recursos abundantes do
governo federal e que não vai admitir que governadores do Maranhão e da
Paraíba "façam politicalha perante a minha pessoa".
Mesmo
afirmando que não chamou os governadores nordestinos de "paraíbas",
Bolsonaro lamentou não poder fazer piadas sobre os cidadãos de
diferentes estados brasileiros.
"A gente não
pode mais contar uma piada. Não posso nem contar piada de cabeçudo, de
goiano, de gaúcho, de cearense cabra da peste. Não há mais liberdade
neste país. Tudo é politicamente correto", afirmou.
Em
nova referência aos governadores nordestinos, o presidente acusou uma
"esquerda canalha" de querer dividir o país. "Para alguns
governadores... é o Nordeste e o resto. Querem fazer disso aqui uma
Cuba?", questionou.
O presidente ainda criticou
a iniciativa dos governadores de se unirem em torno do Consórcio
Nordeste, que vai possibilitar parcerias entre os governos da região, e
afirmou que eles atuam para dividir os brasileiros.
"O
Brasil é um só, não queiram dividir regiões. Tem alguns que acham que
aquela região é dele e não do povo. Isso não existe, o Nordeste é
Brasil."
O presidente foi à Bahia inaugurar a
primeira etapa da Usina Solar Flutuante, erguida pela Chesf (Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco) em Sobradinho.
Orçado
em R$ 55 milhões, a usina possui 3.792 painéis solares e potência
instalada de um megawatt pico. O projeto foi licitado na gestão da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e iniciado no governo Michel Temer
(MDB).
A visita acontece dias depois de
Bolsonaro dar o sinal verde para que o governo federal inicie o processo
de capitalização da Eletrobras, que levará à saída da União do controle
da empresa.
A Chesf é uma das subsidiárias da
Eletrobras. Fundada em 1948, é responsável pela gestão de 12 usinas
hidroelétricas no Nordeste.
A perda do controle
acionário da União é tema controverso e tem oposição dos governadores
nordestinos, que são contra o controle da Chesf pela iniciativa privada.
Em maio do ano passado, ainda na gestão Temer, eles assinaram uma carta
solicitando a exclusão da Chesf do grupo Eletrobras.
A
possível perda do controle acionário da Chesf pela União deve aumentar
ainda mais o clima de tensão entre o presidente e os governadores da
região –7 dos 9 políticos são de partidos da oposição.
Sobre
a posição contrária à privatização da Chesf, o presidente afirmou que
"grande parte dos governadores no Nordeste são socialistas".
Há
cerca de duas semanas, Bolsonaro se referiu aos governadores
nordestinos pelo termo pejorativo "paraíbas". Dias depois, veio à Bahia
para inaugurar o aeroporto de Vitória da Conquista, quando disse que
"ama o Nordeste" e que tem na família "sangue de cabra da peste".
Assim
como o ato em Vitória da Conquista, a inauguração em Sobradinho também
não teve a participação do governador da Bahia, Rui Costa (PT), que
nesta segunda-feira cumpre agenda em Brasília e São Paulo.
Sobre
a ausência do governador da Bahia, Rui Costa (PT) na solenidade desta
segunda, o presidente disse que ninguém o proibiu de comparecer à
solenidade.
"Quem tem preconceito é ele. Se
estivesse aqui seria muito bem-vindo, não teria em momento algum falado
algo contra ele. Agora, quem está com medo de encarar o seu próprio povo
é ele", disse.
Em Sobradinho, Bolsonaro
discursou para cerca de 200 pessoas, dentre autoridades, empresários e
funcionários da Chesf. O ato não foi aberto aos moradores da região.
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