Foto: Agência Nasa/Reprodução. Fonte: Diario de Pernambuco.
O combate a incêndios na região da Amazônia se concentra
em Rondônia e as chamas estão sendo controladas, afirmou, nesta
quarta-feira (28), o coordenador da operação Verde Brasil,
vice-almirante Ralph Dias, que se baseou em mapas de manchas de calor
para assegurar que o fogo está diminuindo.
Em
coletiva convocada para a tarde desta quarta, o vice-almirante esteve ao
lado de um delegado da Polícia Federal e de representantes do Ibama e
do ICMBio para fazer um balanço da operação de combate às chamas.
A
conclusão a que se chegou é que há pouco tempo para avaliar os
resultados dos esforços do governo, que envolvem cerca de 3.000
militares, aeronaves e helicópteros.
O governo
se baseia em um mapa que usa mancha de calor para acompanhar a evolução
da situação nos nove estados da Amazônia Legal que solicitaram a GLO
(Garantia da Lei e da Ordem).
A medida autorizou o emprego das Forças Armadas até o dia 24 de setembro para combater as queimadas na região.
Os
parâmetros usados pela Verde Brasil são do Censipam (Centro Gestor e
Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), ligado ao Ministério da
Defesa. Segundo a métrica oficial, os focos de incêndio diminuíram
bastante, afirma o coordenador da operação.
Dados de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também mostram redução das chamas.
Em
Rondônia, por exemplo, o auge da crise em agosto foi registrado no dia
14, quando havia 665 focos ativos. No dia 23, quando a operação Verde
Brasil teve início formal, eram 446. No último dia 27, o número recuou
para 20.
No Pará, onde a situação também
preocupa, o pico foi observado no dia 13, com 1.004 focos. No dia 23,
havia 23 focos de incêndio. O número subiu para 371 na última terça.
O
Inpe é subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações. O instituto foi o estopim de uma polêmica envolvendo o
ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que contestou dados de satélite
do órgão que apontavam para o aumento do desmatamento na Amazônia - o
ministro questionou especificamente o que chamou de percentual
"sensacionalista" do Inpe.
Gabriel Zacharias, o
representante do Ibama na coletiva desta quarta, afirmou que os dados
do Inpe não poderiam servir como referência para atestar aumento ou
controle das chamas.
Segundo ele, as imagens de
satélite podem ocultar fogos rasteiros, além de haver uma grande
variação dos focos de calor. O mais "sincero", ressaltou, seria esperar
uma semana da operação antes de apresentar qualquer dado de evolução das
chamas.
O representante do ICMBio, Marco José Pereira, defende que a avaliação por manchas reflete melhor a realidade no local.
"Eu
posso ter 20 ou 30 pontos de calor que sejam manchas enormes", afirmou.
Pelo critério manchas de calor, a operação foca o combate às chamas em
Rondônia.
As ofertas de ajuda internacional -
aeronaves do Chile e dos EUA, brigadas de especialistas do Equador e
agentes químicos oferecidos por Israel que retardam chamas - devem
entrar no planejamento da operação para a próxima semana, segundo o
vice-almirante Ralph Dias.
"Há uma lista grande
de ofertas, mas tem que ter efetividade. Quem controla é o Ministério
das Relações Exteriores. Os dados são compilados e a gente pega os dados
concretos para aplicação. Já posso começar a organizar e planejar a
vinda desses recursos", afirmou. Ele não quis estabelecer uma data para
começar a usar a ajuda internacional, mas afirmou que "não passa de
semana que vem."
Na esfera da Polícia Federal,
poucas novidades envolvendo a apuração de responsabilidades sobre o dia
do fogo, como está sendo chamada a ação coordenada de queimadas
realizada por fazendeiros do Pará.
Thiago
Marcantonio, delegado da PF, afirma que o inquérito tramita sob sigilo
"para se resguardar a eficácia e eficiência para apurar
responsabilidades." Ele não descartou que outros eventos coordenados
tenham ocorrido em mais localidades.
Os
incêndios na Amazônia provocaram forte repercussão no exterior. A reação
do governo brasileiro diante da gravidade dos fatos, que vieram a
conhecimento do público na semana passada, provocou indignação
internacional e uma onda de protestos.
Críticos
acusam o presidente Jair Bolsonaro de dar "sinal verde" para a
destruição da Amazônia, por meio de uma retórica antiambientalista e da
falta de ações para coibir o desmatamento.
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