O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) divulgou nesta sexta-feira (7) uma cartilha com 64 páginas que
esclarece critérios de correção das redações no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). Além de explicar o que é cobrado em cada um dos cinco
critérios (veja mais abaixo), o documento traz exemplos negativos para
esclarecer o que é esperado dos textos dentro do respeito aos direitos
humanos.
A divulgação do documento atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) que cobrava, desde dezembro de 2015, a explicação do que era o conceito de direitos humanos utilizado pelos avaliadores. O MEC havia se comprometido a divulgar o conceito junto com a apresentação dos espelhos da redação, mas isso não ocorreu.
O Inep deu exemplos de como houve desrespeito aos direitos humanos em 2014 e em 2015. E em linhas gerais, resumiu o critério:
"Na prova de redação do Enem, constituem desrespeito aos DH propostas que incitam a violência, ou seja, propostas nas quais transparece a ação de indivíduos na administração da punição, como as que defendem a “justiça com as próprias mãos” ou a lei do “olho por olho, dente por dente”.
A divulgação do documento atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) que cobrava, desde dezembro de 2015, a explicação do que era o conceito de direitos humanos utilizado pelos avaliadores. O MEC havia se comprometido a divulgar o conceito junto com a apresentação dos espelhos da redação, mas isso não ocorreu.
O Inep deu exemplos de como houve desrespeito aos direitos humanos em 2014 e em 2015. E em linhas gerais, resumiu o critério:
"Na prova de redação do Enem, constituem desrespeito aos DH propostas que incitam a violência, ou seja, propostas nas quais transparece a ação de indivíduos na administração da punição, como as que defendem a “justiça com as próprias mãos” ou a lei do “olho por olho, dente por dente”.
Ao conceito acima, o Inep ainda complementa: "Por isso, as propostas
de pena de morte ou prisão perpétua para os agressores não caracterizam
desrespeito aos DH, por remeterem ao Estado a administração da punição
ao agressor, ou seja, nesse caso, as punições não dependem da decisão
individual, caracterizando-se como contratos sociais cujos efeitos todos
devem conhecer e respeitar em uma sociedade".
Em 2014, quando o tema foi "Publicidade infantil em questão no
Brasil", o Inep diz que feriram os direitos humanos as propostas que
apresentaram
- intenção de tolher a liberdade de expressão da mídia
- proposições como as de tortura e execução sumária para quem abusa de crianças
- sugestões de “acabar com esses bandidos”, “matar todos esses pais idiotas" e similares
Violência contra as mulheres
Em 2015, quando a proposta foi "A persistência da violência contra a
mulher na sociedade brasileira", o Inep diz que foram considerados como
propostas contrárias aos direitos humanos a "incitação de qualquer tipo
de violência contra a mulher, a formulação de propostas de intervenção
pautadas na supremacia de gênero e as propostas que, baseadas na
condição feminina, atentaram contra quaisquer aspectos da dignidade da
pessoa humana".
O Inep aponta ainda nesse critério propostas de "cerceamento de livre
arbítrio; a desigualdade de remuneração ou de tratamento; a imposição de
escolhas religiosas, políticas ou afetivas." Ainda motivaram zero as
propostas que defenderam "castigo para comportamentos femininos e as
propostas que incitavam violência contra os infratores das leis
de proteção à mulher: linchamento público, mutilação, tortura,
execução sumária ou privação de liberdade por agentes não legitimados
para isso."
Exemplos de propostas em 2015 que tiraram nota zero:
- “(deve) ser massacrado na cadeia”;
- “deve sofrer os mesmos danos causados à vítima, não em todas as situações, mas em algumas ou até mesmo a pena de morte”;
- “fazer sofrer da mesma forma a pessoa que comete esse crime”;
- “deveria ser feita a mesma coisa com esses marginais”;
- “as mulheres fazerem justiça com as próprias mãos”;
- “merecem apodrecer na cadeia”;
- “muitos dizem [...] devem ser castrados, seria uma boa ideia”
Motivos gerais para tirar zero na redação
Além do desrespeito aos direitos humanos na proposta de intervenção, são motivo de zero na redação:
- fuga total ao tema;
- não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa;
- extensão de até 7 linhas; cópia de texto motivador;
- impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação;
- parte deliberadamente desconectada do tema proposto;
- desrespeito aos direitos humanos; e
- folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho.
Uma observação importante feita pelo Inep: não é vetado copiar trecho
dos textos de apoio: "a cópia parcial dos textos motivadores ou de
questões objetivas do caderno de questões implicará a desconsideração do
número de linhas copiadas".
Ou seja, a citação aos artigos que dão base para a discussão do tema pode ocorrer, mas essas referências não irão contar no número mínimo de linhas.
Ou seja, a citação aos artigos que dão base para a discussão do tema pode ocorrer, mas essas referências não irão contar no número mínimo de linhas.
As cinco competências cobradas na redação
A cartilha do Inep detalha o que é esperado de cada candidato em cada
uma das competências abaixo. Cada uma delas vale 200 pontos, chegando
aos mil que é a nota máxima.
- Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa
- Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa
- Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
- Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação
- Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos
Exemplos de redação nota mil
Enem 2013, tema: "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil"
Redação de PAULO HENRIQUE CABAN STERN MATTA
Escola privada de Rio de Janeiro – RJ
Redação de PAULO HENRIQUE CABAN STERN MATTA
Escola privada de Rio de Janeiro – RJ
"Sucesso absoluto
Historicamente
causadores de inúmeras vítimas, os acidentes de trânsito vêm ocorrendo
com frequência cada vez menor, no Brasil. Essa redução se deve,
principalmente, à implantação da Lei Seca ao longo de todo o território
nacional, diminuindo a quantidade de motoristas que dirigem após terem
ingerido bebida alcoólica. A maior fiscalização, aliada à imposição de
rígidos limites e à conscientização da população, permitiu que tal
alteração fosse possível.
As
estatísticas explicitam a queda brusca na ocorrência de óbitos
decorrentes de acidentes de trânsito depois da entrada da Lei Seca em
vigor. A proibição absoluta do consumo de álcool antes de se dirigir e a
existência de diversos pontos de fiscalização espalhados pelo país
tornaram menores as tentativas de burlar o sistema. Dessa forma, em vez
de fugirem dos bafômetros e dos policiais, os motoristas deixam de beber
e, com isso, mantêm-se aptos a dirigir sem que transgridam a lei.
Outro
aspecto de suma relevância para essa mudança foi a definição de limites
extremamente baixos para o nível de álcool no sangue, próximos de zero.
Isso fez com que acabasse a crença de que um copo não causa qualquer
diferença nos reflexos e nas reações do indivíduo e que, portanto, não
haveria problema em consumir doses pequenas. A capacidade de julgamento
de cada pessoa, outrora usada como teste, passou a não mais sê-lo e,
logo, todos têm que respeitar os mesmos índices independentemente do que
consideram certo para si.
Entretanto,
nenhuma melhoria seria possível sem a realização de um amplo
programa de conscientização. A veiculação de diversas propagandas do
governo que alertavam sobre os perigos da direção sob qualquer estado de
embriaguez foi importantíssima na percepção individual das mudanças
necessárias. Isso fez com que cada pessoa passasse a saber os riscos que
infligia a si e a todos à sua volta quando bebia e dirigia, amenizando a
obrigatoriedade de haver um controle severo das forças policiais.
É
inegável a eficiência da Lei Seca em todas as suas propostas, formando
uma geração mais consciente e protegendo os cidadãos brasileiros. Para
torná-la ainda mais eficaz, uma ação válida seria o incremento da
frota de transportes coletivos em todo o país, especialmente à noite,
para que cada um consuma o que deseja e volte para casa em segurança.
Além disso, durante um breve período, a fiscalização poderia ser
fortalecida, buscando convencer motoristas que ainda tentam burlar o
Estado. O panorama atual já é extremamente animador e as projeções,
ainda melhores, porém apenas com a ação conjunta de povo e governo será
alcançada a perfeição."
Enem 2013, tema: "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil"Redação de SARAH CHRISTYAN DE LUNA MELO
Escola pública de Jaboatão dos Guararapes – PE
"Construindo uma dinâmica mais ética do trânsito no Brasil
Escola pública de Jaboatão dos Guararapes – PE
"Construindo uma dinâmica mais ética do trânsito no Brasil
Com
a ascensão de Juscelino Kubitschek ao poder, a política de
abertura da economia brasileira entrou em ação mais vigorosamente do
que em qualquer outro episódio da história do Brasil. Nesse cenário, a
entrada de automóveis no Brasil como produtos de consumo foi cada vez
maior. No entanto, o governo não tomou como prioridade a fiscalização
das estradas do país e uma prática nociva tornou-se comum: beber e
dirigir. Recentemente, o governo implantou a Lei Seca, visando diminuir
os efeitos dessa prática. Nesse contexto, cabe analisar os
aspectos positivos da aplicação dessa Lei, e como ela pode ser
melhorada.
Em
função da implantação da Lei Seca, segundo pesquisas da UFRJ, os
números de acidentes fatais no trânsito relacionados ao alcolismo caíram
drasticamente desde o começo de 2013. Devido a essa evidência a tese de
Thomas Hobbes – “a intervenção estatal é necessária, como forma de
proteger os cidadãos de maneira eficaz” – é corroborada. Nesse caso,
por meio da Lei Seca, através do exame do bafômetro e da aplicação de
multas a motoristas alcoolizados, a intervenção protegeu a população
de maneira vital: salvou milhares de vidas.
Ademais,
uma questão muito subjetiva é tratada e trabalhada pela nova
legislação: a empatia. É muito presente, ao longo da história das
civilizações, a ocorrência de casos nos quais alguns decretos e leis
contribuíram na construção de uma sociedade mais ética e virtuosa.
Em decorrência disso, a implantação e a propaganda da Lei Seca, ao
estimularem o motorista a não beber antes de dirigir, podem também
levá-lo a pesar as consequências de seus atos: desrespeitar a lei, nessa
situação, pode custar a vida de outrem. Assim, acidentes advindos do
alcoolismo no trânsito poderão ser evitados, não só pelo medo da
punição, mas também pela via da consciência ética.
Destarte,
fica claro que a Lei Seca ajuda tanto regulamentação do trânsito,
quanto na formação moral do cidadão brasileiro. No entanto, a
forma de tratar os que desrespeitam a lei pode ser mudada. Ao invés de
aplicação de multas, o governo federal poderia buscar parcerias com ONGs
interessadas e implantar um programa de reeducação social para os
infratores. Cursos de conscientização, aliados a trabalho voluntário em
comunidades carentes poderiam servir como orientação pedagógica para
quem costuma beber e dirigir. Assim o trânsito no Brasil poderá
tomar as formas de uma dinâmica mais ética e segura para todos."
Enem 2013, tema: "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil"
Redação de CLARA DE ARAUJO DIAS
Escola privada de Brasília – DF
"A Lei Seca foi implantada no Brasil no ano de 2008, com a finalidade de reduzir o número de acidentes de trânsito, tendo em vista que 30% destes são causados por condutores alcoolizados. A lei determina que, se comprovada a ingestão de álcool através do teste do “bafômetro” ou exame de sangue, o motorista poderia perder sua habilitação e até cumprir pena, além de pagar uma multa.
Redação de CLARA DE ARAUJO DIAS
Escola privada de Brasília – DF
"A Lei Seca foi implantada no Brasil no ano de 2008, com a finalidade de reduzir o número de acidentes de trânsito, tendo em vista que 30% destes são causados por condutores alcoolizados. A lei determina que, se comprovada a ingestão de álcool através do teste do “bafômetro” ou exame de sangue, o motorista poderia perder sua habilitação e até cumprir pena, além de pagar uma multa.
No
período inicial de implantação da lei, a população se
surpreendeu com a quantidade e seriedade das fiscalizações. Certamente, o
brasileiro acreditou que continuaria impune ao colocar em risco a sua
vida e a dos que o cercam. Com a percepção de que seus atos teriam
sérias consequências, veio uma notável mudança de postura da população,
que passou a deixar seus carros em casa, utilizando outros meios de
transporte ou até mesmo não consumindo bebidas alcoólicas.
Entretanto,
como toda generalização, esta também é equivocada: não é
plausível afirmar que toda a população brasileira possui
consciência de que beber e dirigir acarreta danos graves. Ainda
há a parcela que conserva o pensamento de que “nada de ruim acontecerá”
e “apenas uma latinha não fará mal”. Para atingir essa parcela ainda
existente, algumas medidas já têm sido tomadas, como a divulgação de
publicidade. Mesmo com os resultados significativos após cinco anos de
implantação da lei, existem outras ações que podem ser tomadas:
implantação de aulas e palestras para uma conscientização precoce sobre
os efeitos do uso do álcool nas redes de ensino básico, melhorias no
sistema de transportes públicos (diminuindo a dependência dos privados),
incentivos fiscais aos taxistas (levaria a uma redução nas tarifas) e,
finalmente, aumento nas fiscalizações em determinados horários. "
Enem 2013, tema: "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil"
Redação de PAULO FAGNER MELO SILVA
Escola pública de Belém – PA
"Inovações da Legislação: Perspectiva de Mudança Cultural
Redação de PAULO FAGNER MELO SILVA
Escola pública de Belém – PA
"Inovações da Legislação: Perspectiva de Mudança Cultural
Atualmente,
os impactos negativos que a mistura álcool e direção podem ocasionar já
são conhecidos por grande parte da população brasileira. Tal fato
constitui-se fruto do alcance efetivo de projetos educativos e campanhas
publicitárias. Nesse sentido, a promulgação da lei de restrição ao
consumo de bebidas alcoólicas por condutores de veículos foi uma vitória
tanto para o Estado quanto à sociedade civil. Seu resultado já
pode ser observado através de dados estatísticos fornecidos por órgãos
competentes, tais informações demonstram que houve a diminuição do
índice de acidentes dessa natureza. No entanto, ainda há casos desse
tipo de negligência ao volante. Faz-se necessário não só a
complementação da lei existente, mas também a existência de ações
afirmativas, as quais auxiliarão no processo de modificação completa
deste aspecto cultural.
Toda
lei há de beneficiar sua própria sociedade, contribuindo com parâmetros
necessários e decisivos ao êxito da organização social, bem como de sua
administração. Fundamentando-se nisso, pode-se afirmar que a Lei Seca
em si vem a cumprir o seu papel perante o Estado e a sociedade civil. A
aprovação popular é devida aos seus resultados satisfatórios
provenientes de seu correto método de atuação e aplicação.
Ademais,
como toda legislação vigente, tal proposta deve ser constantemente
reafirmada tanto nos âmbitos da cultura comum quanto na representação
administrativa. Vale ressaltar que, apesar de se registrar a
diminuição de casos infracionais, eles ainda existem, porquanto a
organização social não absorveu totalmente o senso de direção
responsável. Em várias ocasiões ainda, o cumprimento legal é
prejudicado por burocracias relacionadas a áreas e limites de atuação
dos governos.
Em
síntese, a Lei Seca apresenta pontos eficazes à diminuição de acidentes
de trânsito, porém é de suma importância a realização de ações
paralelas, as quais visem a prevenção desses procedimentos perigosos.
Tal iniciativa pode ser dada pela mobilização de ONGs e de
empreendimentos privados através de campanhas de conscientização em
bairros, comunidades e escolas. Quanto às áreas administrativas,
faz-se aprazível o estabelecimento de uma lei única das estradas, a
qual contemplaria vias municipais, estaduais e federais. É
necessário, ainda por parte do poder público, a fiscalização da
propaganda de bebidas alcoólicas, expondo no rótulo de cada produto os
perigos da combinação beber-dirigir. Dessa maneira, a lei Seca poderá
ser apoiada e reafirmada pelos governos e pela sociedade, conseguindo
atingir, por fim, o seu objetivo."
Enem 2013, tema: "Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil"Redação de VINICIUS FERNANDO ALVES CARVALHO
Escola pública de Aracaju – SE
Escola pública de Aracaju – SE
"Recentemente,
a Lei Seca foi legitimada em todo o país. Objetivando a
dissociação entre os atos de consumir bebidas alcoólicas e
dirigir, a ação legislativa mostra seus resultados em estatísticas
animadoras: redução no número de acidentes e de mortes no
trânsito. Esse panorama reafirma o poder coercitivo da lei e alerta para
a necessidade de torná-la uma ferramenta de mudanças culturais.
Uma
lei mostra-se necessária quando comportamentos frequentes
representam riscos para a coletividade. No caso da associação
entre beber e dirigir, muitas campanhas publicitárias já existiam, mas
revelaram-se insuficientes. Por isso, a lei foi implantada, e
as consequências para os transgressores da norma vão desde prejuízos
financeiros até a privação da liberdade. Por ter penalizações reais e
duras, a lei trouxe resultados visíveis, beneficiando o sistema
de saúde (pela diminuição nos índices de vítimas de acidentes) e a
segurança no trânsito (pelo menor número de alcoolizados no volante).
Há,
entretanto, um papel que a sociedade deve cumprir ao tornar uma lei
parte da conjuntura nacional. Esse papel se refere à transformação de
comportamentos culturais, para que a consciência coletiva enxergue o que
a lei exige não como apenas uma obrigação legal, mas sim como um dever
moral. Ou seja, dirigir após beber deve ser visto por todos como uma
agressão ao direito à vida e como falta de maturidade moral. A lei,
portanto, tem seu valor de conscientizadora de conduta.
Para
efetivar essa consciência coletiva, distintas esferas políticas
devem se integrar: o governo federal deve se responsabilizar pela
emissão de verbas e pela elaboração de diretrizes a serem seguidas, e
os governos estadual e municipal devem atuar na fiscalização e
na ação punitiva. Além disso, é essencial que aqueles que desrespeitam
essa norma sejam acompanhados por programas de assistência social, para
que seja oportunizada uma verdadeira mudança de comportamento. Por
último, mostra-se pertinente que ações de esclarecimento quanto à
necessidade da Lei Seca ocorram frequentemente em escolas de formação de
condutores, construindo gerações conscientes.
É
possível, portanto, promover o desenvolvimento moral da sociedade
através da legitimação de leis e da transformação de comportamentos
culturais. Como no caso da legislação referente ao uso obrigatório de
cintos de segurança, houve um despertar da consciência social em relação
à necessidade desse instrumento, refletindo responsabilidade e
respeito ao próximo. E essa conscientização só começou com a ação
intercessora da lei. Dessa forma, o corpo social evolui em sua conduta, e
o esclarecimento quanto a modificar certas ações tem papel
protagonista nesse cenário. "
Enem 2014, tema Publicidade Infantil em questão no Brasil
Redação de LEANDRO HENRIQUE SIQUEIRA MOLINA
Escola privada de Franca – SP
"Publicidade Infantil: Um Desafio Ético e Político
“O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém.” A frase, do escritor e pensador francês Vitor Hugo, exprime a ideia de que o sistema capitalista funciona baseando-se na exploração constante dos indivíduos. Analisando esse conceito atrelado à conjuntura atual, nota-se que a publicidade direcionada às crianças, no Brasil, possui um caráter predatório, funcionando como meio de criação de futuros consumistas e explorando a relativa facilidade de se persuadir uma criança, através do uso de elementos do universo infantil.
Redação de LEANDRO HENRIQUE SIQUEIRA MOLINA
Escola privada de Franca – SP
"Publicidade Infantil: Um Desafio Ético e Político
“O progresso roda constantemente sobre duas engrenagens. Faz andar uma coisa esmagando sempre alguém.” A frase, do escritor e pensador francês Vitor Hugo, exprime a ideia de que o sistema capitalista funciona baseando-se na exploração constante dos indivíduos. Analisando esse conceito atrelado à conjuntura atual, nota-se que a publicidade direcionada às crianças, no Brasil, possui um caráter predatório, funcionando como meio de criação de futuros consumistas e explorando a relativa facilidade de se persuadir uma criança, através do uso de elementos do universo infantil.
A
necessidade de criação de uma lei só existe quando um conceito
de ética que já deveria ser parte do senso comum é ausente. Dessa
forma, nota-se que a criação de leis que proíbem ou normatizam a
publicidade infantil nos países considerados desenvolvidos revela que
esse setor da mídia não age de maneira ética. Isso se deve ao fato de
que, com o advento do Neoliberalismo, houve a necessidade de difusão do
consumismo, e a publicidade, como a principal forma de imposição desse
ideal, passou a explorar a ingenuidade do imaginário infantil para
adaptar as crianças a esse formato, incentivando sempre o desejo.
O
resultado desse processo é a criação de uma infância voltada
para o consumo. As crianças, alienadas pela mídia, são incorporadas ao
capitalismo antes mesmo de possuírem consciência e discernimento para
compreendê-lo. Suas vidas passam a ser ditadas pelos desejos que
lhes foram impostos, tornando tudo – inclusive as datas comemorativas,
as quais perdem seu sentido – uma forma de exigir produtos. Essas
crianças, sem conceito de real necessidade, crescem para se tornarem
adultos egoístas, totalmente submissos ao capitalismo e utilitaristas,
estabelecendo como objetivo maior o acúmulo de capitais, visando à
satisfação dos desejos e transmissão desses ideais aos seus filhos.
O
Estado, como defensor dos direitos da população e do bem estar
social, deve criar leis que impeçam a dominação das crianças pelo
consumismo, impedindo a associação entre produtos e elementos atrativos a
elas. Deve-se utilizar da educação, principal elemento transformador da
sociedade, para criar nas crianças o discernimento entre o frívolo e o
necessário, coibindo o egoísmo e estimulando a solidariedade. A
sociedade, por sua vez, deve conscientizar-se, limitando o consumo das
crianças para impedir o desenvolvimento da cultura de consumo. Dessa
forma, será possível criar um corpo social ético, harmonioso e
saudável."
Enem 2014, tema Publicidade Infantil em questão no BrasilRedação de GABRIELA ALMEIDA COSTA
Escola pública de Salvador – BA
Escola pública de Salvador – BA
"Desde
o início da expansão da rede dos meios de comunicação no Brasil, em
especial o rádio e a televisão, a mídia publicitária tem veiculado
propagandas destinadas ao público infantil, mesmo que os produtos ou
serviços anunciados não sejam destinados a este. Na década de 1970, por
exemplo, era transmitida no rádio a propaganda de um banco
utilizando personagens folclóricos, chamando a atenção das crianças
que, assim, persuadiam os pais a consumir.
É
sabido que, no período da infância, o ser humano ainda não desenvolveu
claramente seu senso crítico, e assim é facilmente influenciado por
personagens de desenhos animados, filmes, gibis, ou simplesmente
pela combinação de sons e cores de que a publicidade dispõe. Os
adolescentes também são alvo, numa fase em que o consumo pode ser
sinônimo de autoafirmação. Ciente deste fato, a mídia cria os mais
diversos produtos fazendo uso desses atributos, como brindes em lanches,
produtos de higiene com imagens de personagens e até mesmo utilizando
atores e modelos mirins nos comerciais.
Muitos
pais têm então se queixado do comportamento consumista de seus
filhos, apelando para organizações de defesa dos direitos da criança e
do adolescente. Em abril de 2014, foi aprovada uma resolução que julga
abusiva essa publicidade infantil, gerando conflitos entre as empresas,
organizações publicitárias e os defensores dos direitos deste
público-alvo. Entretanto, tal resolução configura um importante passo
dado pelo Brasil com relação ao marketing infantil. Alguns países cujo
índice de escolaridade é maior que o brasileiro já possuem legislação
que limita os conteúdos e horários de exibição dos comerciais destinados
às crianças. Outros, como a Noruega, proíbem completamente qualquer
publicidade infantil.
A
legislação brasileira necessita, portanto, continuar a romper
com as barreiras impostas pela indústria publicitária, a fim de
garantir que o público supracitado não seja alvo de interesses
comerciais por sua inocência e fácil persuasão. No âmbito educacional,
as escolas devem auxiliar na formação de cidadãos com discernimento e
capacidade crítica. Desta forma, é importante que sejam ensinados e
discutidos nas salas de aula os conceitos de cidadania, consumismo,
publicidade e etc., adequando-os a cada faixa etária."
Enem 2014, tema Publicidade Infantil em questão no Brasil
Redação de TAIANE CECHIN
Escola privada de Veranópolis – RS
Redação de TAIANE CECHIN
Escola privada de Veranópolis – RS
"Publicidade infantil: enclave à faixa etária pueril
“A palavra é instrumento irresistível da busca pela liberdade”, afirmou Rui Barbosa em relação ao direito de expressão. No entanto, a liberdade de imprensa e propaganda, garantida pela constituição brasileira, depara-se com limites no que tange à persuasão aos pequenos. Esses, vivenciando a fase pueril, não detêm a criticidade desenvolvida e, consequentemente, são facilmente influenciáveis. Assim, a publicidade infantil brasileira progride apelando às crianças e, dessa maneira, necessita de reparos que atenuem os tons abusivos e persuasivos.
“A palavra é instrumento irresistível da busca pela liberdade”, afirmou Rui Barbosa em relação ao direito de expressão. No entanto, a liberdade de imprensa e propaganda, garantida pela constituição brasileira, depara-se com limites no que tange à persuasão aos pequenos. Esses, vivenciando a fase pueril, não detêm a criticidade desenvolvida e, consequentemente, são facilmente influenciáveis. Assim, a publicidade infantil brasileira progride apelando às crianças e, dessa maneira, necessita de reparos que atenuem os tons abusivos e persuasivos.
A
propaganda é meio eficiente a atingir a venda de produtos, já
que, através de artifícios intrigantes, como imagens e até
personalidades famosas, coage os consumidores. As crianças são alvos
constantes da publicidade, pois, dotadas de desejo e imaginação,
creem no mundo utópico desenvolvido pelos efeitos dos anúncios. Assim,
devido a sua efetividade, os publicitários focam na criação de técnicas
persuasivas ao público pueril e lançam suas propagandas em horários
convergentes aos que os pequeninos assistem aos desenhos animados e
programas afins. A criatividade dos que são graduados para apelar ao
consumidor ganha o coração das crianças e perpetua os comerciais para
essa faixa etária.
Em
âmbito internacional divergem as decisões acerca do tema proposto,
existindo legislação de proibição total à publicidade infantil, medidas
que a permite apenas em determinados horários e há, ainda, países
que não a restringem. O Brasil carece de mudanças na forma com que são
realizadas as propagandas infantis, já que o público pueril é
permeado diariamente por mensagens de cunho abusivo e persuasivo.
Entretanto, o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do
Adolescente iniciou um debate em relação ao tópico, dando um passo em
benefício aos pequeninos da nação tupiniquim.
Em
síntese, a publicidade infantil brasileira deve ser modificada
com aplicações eficientes das decisões governamentais anteriormente
citadas. É necessário adequar as propagandas infantis para horários
propícios, quando os pais possam acompanhar seus filhos, interagindo
acerca dos anúncios. É possível também exigir que as empresas de
publicidade retirem os efeitos que engrandecem os produtos, de forma a
iludir o consumidor, e atenuar a presença de personalidades artísticas
nas propagandas. Dessa forma, o Brasil pode evoluir como uma nação
que zela pelo seu potencial infantil e garantir aos pequenos o
essencial, livrando-os do desejo de supérfluos e contribuindo para a
formação de cidadãos críticos, conscientes dos temas circundantes."
Enem 2014, tema Publicidade Infantil em questão no Brasil
Redação de DOUGLAS MANSUR GUERRA
Escola privada de Goiânia – GO
Redação de DOUGLAS MANSUR GUERRA
Escola privada de Goiânia – GO
"Do VHS ao Blu-Ray
Nas
antigas fitas VHS, a divulgação dos novos filmes disponíveis para
aparelhos de DVD tornava a criança uma consumidora compulsória,
capaz de qualquer coisa por aquele novo meio de assistir filmes. Na
atualidade, isso se repete quando os discos da Disney mostram-se
disponíveis em Blu-Ray. Entretanto, até onde essa publicidade infantil
influencia no desenvolvimento da criança? Tal influência seria benéfica?
Para o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda), não. Essa postura representa um importante passo para o
Brasil.
De
acordo com o sociólogo Émile Durkheim, é na infância que os indivíduos
passam pelo processo de socialização, ou seja, adquirem os valores
morais e éticos da sociedade em que se encontram. Se, nesse
período, a criança for bombardeada por uma série de propagandas
ideológicas, ela pensará que a felicidade só pode ser alcançada ao
lanchar em determinado restaurante, ao adquirir determinado brinquedo ou
ao vestir determinadas roupas. Há, portanto, a necessidade de banir
quaisquer tipos de publicidade que utilizem a ingenuidade infantil para a
obtenção de um maior mercado consumidor.
Ademais,
esse banimento não deve ser feito apenas com acordos entre o
setor publicitário e o governo. É necessária uma legislação que assegure
um desenvolvimento livre de manipulações para as crianças. Além de
coibir tais propagandas deve-se punir aqueles que as utilizarem. Para
isso, é preciso reformular o Código Penal brasileiro, vigente desde
1941 – contexto de um país ruralizado, com relações jurídicas menos
complexas que as atuais – e insuficiente para punir tais infratores.
Não
é, no entanto, responsabilidade única do Estado a atual situação da
publicidade infantil brasileira. Como afirmou Sérgio Buarque, em sua
obra “Raízes do Brasil”, os brasileiros estão acostumados a
tratarem o Estado como um pai, deixando todas as questões
político-sociais em suas mãos. Com a finalidade de proteger suas
crianças, cabe aos pais abandonar essa característica patrimonialista e
exigir mudanças, sem depender de governo ou de agências publicitárias.
Percebe-se,
destarte, que a publicidade infantil, para ser regulamentada e
controlada, necessita de uma ação conjunta entre o Estado, o setor
publicitário e os cidadãos. No nível juridico, estabelecer normas
para as agências publicitárias (não utilizar personalidades
infantis ou associar felicidade a consumo) é uma medida extremamente
eficaz. Corrobora tal ação a fiscalização das propagandas por parte
da sociedade, a partir de reclamações publicadas em fóruns virtuais.
Desse modo, assegura-se o desenvolvimento das crianças brasileiras
livre de instrumentos de alienação."
Enem 2015, tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira"
Redação de LAIANE DA SILVA CARVALHO
Escola pública de Valença – BA
Redação de LAIANE DA SILVA CARVALHO
Escola pública de Valença – BA
"Mesmo
com a vigência da Lei Maria da Penha, com a criminalização
do feminicídio na última década, o aumento percentual do número de
mulheres vítimas de homicídio no Brasil persiste. Tipificada pela
violência física, moral, psicológica ou sexual, a violação dos
direitos femininos tem suas raízes em construções sociais e
culturais, incorporadas como legítimas, que precisam ser desfeitas,
pois, do contrário, o ideal de indistinção no gozo dos direitos
fundamentais do cidadão não se consolidará.
A
crença na subalternidade femina é construída socialmente. A filósofa
Simone de Beauvoir corrobora isso ao afirmar que “ninguém nasce
mulher, torna-se mulher”. Os dizeres de Beauvoir revelam como a
associação da figura feminina a determinados papéis não é condicionada
por características biológicas, mas por pré-determinações sociais.
Seguindo essa linha de pensamento, é usual, por exemplo, que
mulheres que exerçam profissões tradicionalmente associadas a
homens, como a de motorista, sofram preconceito no ambiente de
trabalho e sejam violentadas psicologicamente.
Além
disso, a continuidade de práticas violentas contra a mulher é
favorecida pelo que o pensador Pierre Bourdieu definiu como violência
simbólica. Nesse tipo de violência, a sociedade passa a aceitar
como natural as imposições de um segmento social hegemônico, neste caso,
o gênero masculino, causando a legitimação da violação de direitos e/ou
da desigualdade. Nesse contexto, urge a tomada de medidas que visem
mitigar a crença de que as mulheres são inferiores. Para isso, cabe à
sociedade civil organizada, o terceiro setor, a realização de palestras
que instruam acerca da igualdade entre os gêneros. Ao poder público,
cabe instituir a obrigatoriedade de participação masculina em fóruns,
palestras e seminários que discorram acerca da importância do respeito
às mulheres.
Procedendo-se
assim, casos como o da francesa Olympe de Gouges, guilhotinada na
Revolução Francesa por exigir direitos femininos, ficarão apenas como o
símbolo de um passado em que os Direitos Humanos não eram para todos."
Enem 2015, tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira"
Redação de AMANDA CARVALHO MAIA CASTRO
Escola privada de Niterói – RJ
"A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o mapa da violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o Balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
Redação de AMANDA CARVALHO MAIA CASTRO
Escola privada de Niterói – RJ
"A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o mapa da violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o Balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
O
Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade
patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie
de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a
célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher,
torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o
sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino,
independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como
mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as
mulheres são naturalizados, por estarem dentro da construção social
advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para
esse tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes,
e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
Além
disso, há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso
ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em
detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés,
as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para
o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a
serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual
o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante
ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou
companheiro.
Por
conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados
às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência. Pode-se
perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas
brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher
no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as
mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação
para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir
campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo
feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um
projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja
possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência
contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil."
Enem 2015, tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira"
Redação de JULIA CURI AUGUSTO PEREIRA
Escola pública de Campo Grande – MS
Redação de JULIA CURI AUGUSTO PEREIRA
Escola pública de Campo Grande – MS
"Permeada
pela desigualdade de gênero, a história brasileira deixa clara a
posição inferior imposta a todas as mulheres. Essas, mesmo após a
conquista do acesso ao voto, ensino e trabalho – negado por séculos –
permanecem vítimas da violência, uma realidade que ceifa vidas e as
priva do direito a terem sua integridade física e moral protegida.
O
machismo e a misoginia são promovidos pela própria sociedade. Meninas
são ensinadas a aceitar a submissão ao posicionamento masculino,
ainda que estejam inclusas agressões e violência, do abuso
psicológico ao sexual. Os meninos, por sua vez, têm seu caráter
construído à medida que absorvem valores patriarcais e abusivos, os
quais serão refletidos em suas condutas ulteriores.
Um
dos conceitos filosóficos de Francis Bacon, que declara o
comportamento humano como contagioso, se aplica perfeitamente à
situação. A violência de gênero, conforme permanece a ser reproduzida,
torna-se enraizada e frequente.
Concomitantemente,
a voz das mulheres é silenciada e suas manifestações são reprimidas, o
que favorece o mantimento das atitudes misóginas. O ensino veta todo e
qualquer tipo de instrução a respeito do feminismo e da igualdade de
gênero e contribui com a perpetuação da ignorância e do consequente
preconceito.
Ademais,
os veículos de comunicação pouco abordam a temática, enquanto o
Estado colabora com a Lei Maria da Penha, nem sempre eficaz, e com
unidades da Delegacia da Mulher, em número insuficiente.
Entende-se,
diante do exposto, a real necessidade de ações governamentais que
garantam que a lei puna todos os tipos de violência, além da instalação
de delegacias específicas em áreas necessitadas. Cabe à sociedade, em
parceria com a mídia e com as escolas, instruções sobre igualdade de
gênero e campanhas de oposição à violência contra as mulheres. Essas,
por fim, devem permanecer unidas, através do feminismo, em busca da
garantia de seus direitos básicos e seu bem-estar social. "
Enem 2015, tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira"
Redação de ALÍCIA CRISTINE SALOME ROZZA
Escola privada de Jaraguá do Sul – SC
Redação de ALÍCIA CRISTINE SALOME ROZZA
Escola privada de Jaraguá do Sul – SC
"Na
revolução de 1930, paulistas insatisfeitos com a falta do poder
político que detinham na República do café com leite usaram a falta de
uma constituição para se rebelar contra o governo Vargas. O presidente,
cedendo às pressões, garantiu na nova Constituição um direito nunca
antes conquistado pela mulher: o direito ao voto. A inclusão da mulher
na sociedade como cidadã, porém, não foi o suficiente para deter o
pensamento machista que acompanhou o Brasil por tantos séculos – fato
evidenciado nos índices atuais altíssimos de violência contra a mulher.
De
acordo com o Mapa da Violência de 2012, entre 1980 e 2010 houve um
aumento de 230% na quantidade de mulheres vítimas de assassinato no
país; além disso, 7 de cada 10 mulheres que telefonaram para o Ligue 180
afirmaram ter sido violentadas pelos companheiros. Em países como o
Afeganistão, a mulher que trai o marido é enterrada até que somente a
cabeça fique à mostra e, então, é apedrejada; apesar de reagirmos com
horror perante tal atrocidade, um país que triplica a quantidade de
mulheres mortas em 30 anos deve ser tratado com igual despeito quando se
trata do assunto. Apesar de acharmos que a mentalidade do povo melhora
com o passar do tempo, a mentalidade brasileira mostra crescente atraso
quanto à igualdade de direitos entre os gêneros, e tal mentalidade leva a
fatalidades que deveriam ser raras em pleno século XXI.
Uma
pesquisa feita pela Rede Globo mostrou que, entre homens e
mulheres entrevistados, mais da metade afirmou que mulheres que
vestem roupas curtas merecem ser abusadas sexualmente. A
violência contra a mulher começa exatamente com as regras
implícitas que a sociedade impõe: se a mulher não seguir tal regra,
merece ser violentada. Portanto, apesar de todos os direitos
conquistados constitucionalmente pelo sexo feminino, normas culturais
que passam entre gerações fazem o pensamento conservador e machista se
perpetuar e ser a justificativa para as atrocidades físicas e
psicológicas cometidas contra a mulher.
Muitas
vezes presa a um relacionamento de muito tempo, a mulher aceita a
condição à qual é submetida e se nega a procurar algum tipo de ajuda. A
mudança deve acontecer de três formas: primeiramente, a mulher não pode
deixar-se levar pelo pensamento machista da sociedade e deve entender
que não há justificativa para a agressão; pessoas que têm conhecimento
de mulheres que aceitam a violência, por sua vez, devem telefonar para o
Ligue 180 com ou sem o consentimento da vítima; e, por fim, a geração
atual deve preocupar-se em deixar de transmitir culturalmente a ideia de
que o gênero feminino é inferior. Para que as gerações seguintes vivam
em um país igualitário, a mudança começa agora. "
Enem 2015, tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira"
Redação de LUCAS DOMINGOS RIBEIRO
Escola privada de Arcos – MG
Redação de LUCAS DOMINGOS RIBEIRO
Escola privada de Arcos – MG
“A
história da humanidade é a história da luta...” das mulheres.
Karl Marx, filósofo e sociólogo alemão, baseou seu pensamento na
extinção gradual das classes sociais e das diferenças presentes na
sociedade moderna. Analogamente, percebe-se, no âmbito das
relações sociais humanas, a presença de um grupo que não foge à
luta por seus direitos: a população feminina. Por viverem em um país
patriarcal — herança herdada dos tempos do Império — as mulheres
brasileiras permanecem à deriva da sociedade. Levando isso em
consideração, recebem maus tratos e são menosprezadas por homens e
chefes de famílias.
Na
ótica aristotélica, a mulher é concebida como a encarnação de
um homem ruim. Este fato talvez justifique o alto índice de violência
contra o espírito feminino em voga no Brasil, subjugado por homens e até
mesmo mulheres que desrespeitam a igualdade do gênero. Segundo o Mapa
da Violência de 2012, milhares de mulheres foram assassinadas, como
também muitas delas sofreram com os mais diversos tipos de agressão,
incluindo agressões de caráter físico, com predomínio de 51,68% dos
casos.
Entretanto,
existem movimentos e organizações que têm como compromisso a
redução dos descasos com a figura da mulher, como a campanha contra o
femincídio, que une cidadãs em prol do combate ao patriarcalismo que
impera na sociedade brasileira. Infelizmente, nem toda comunidade
feminina se junta e segue esses princípios. Geralmente, as mulheres
aceitam a dominação e, no viés de Max Weber, só há dominação se houver
aceitação.
Não
se deve esquecer que as atitudes femininas são sutis,
levando-as a questionarem o poderio de uma denúncia a uma
delegacia de polícia mais próxima. Portanto, com o intuito de
atenuar os maus tratos e a submissão da mulher na contemporaneidade,
cabe ao Estado a fiscalização da Lei Maria da Penha e também a aplicação
da mesma com maior rigor. Além disso, é papel da sociedade a criação de
fóruns de discussão sobre os direitos da mulher, inspirados em grandes
figuras adeptas à valorização feminina, como Frida Kahlo e Simone de
Beavouir.
Cabe
à mídia a divulgação de casos de violência doméstica, via televisão e
internet, que promoverão a conscientização da sociedade a respeito do
quanto a mulher tem valor."
FONTE:G1
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