Depois de mais de trinta anos, é gratificante rever parentes e sentir na alma que tudo o que foi edificado quando criança, ainda perdura de maneira sólida e gentil
Saí de Gravatá no dia 7 de abril de 1986. Deixei para trás minhas raízes familiares, minhas memórias, minha terra-natal.... Interessante dizer que, na minha infância eu costumava tomar banho nos açudes da famosa Fazenda Sampaio, e que para chegar até lá eu seguia pela BR 232 até o Posto Petur. Nessas minhas andanças, o caminho era no sentido Leste (sentido Recife), que consequentemente nos leva na direção do mar.
Sempre que eu olhava nessa direção, o Leste, eu sentia que o meu futuro estava na direção do mar. Não é à toa que sou filho de Iemanjá. Eu achava fascinante olhar a paisagem da Serra das Russas e sentir que algo me chamava. O chamado!!! Eu segui o chamado do mar!!!
Nessas minhas andanças pelo mundo, eu nunca deixei de manter acesas dentro de mim as lembranças primordiais da minha família, as quais não são poucas e que tem me alimentado o espírito por mais de três décadas. Isso é o meu laço, meu berço, meu amor. Sou feliz assim.
De uma maneira mais abrangente, a nossa família é a nossa âncora, o nosso alicerce, a nossa base de tudo. Precisamos da família para determinarmos o nosso Norte verdadeiro, o nosso rumo. É deveras salutar dizer que a nossa família é o caminho mais certo nas horas mortas que sempre vem acompanhadas pelos equívocos do mundo. A família é o mundo...
Depois de mais de trinta anos, é gratificante rever parentes e sentir na alma que tudo o que foi edificado quando criança, ainda perdura de maneira sólida e gentil, posto que é mais do que chama; é verdade e amor. Isso é seio, é doação, carinho, inspiração.
Vida, vida minha, meu amor cigano! Quero ter mais de mil anos para viver todos esses momentos ao lado da minha família. Quero o cheiro do mato, o cheiro da lenha queimada na fogueira de São de João, quero o batuque lindo da pastoril na minha alma. Tudo isso forma um amálgama de lembranças lindas dentro de mim, as quais se esparramam pelas lindas serras azuis que cercam Gravatá.
O vento matutino e o arrebol de Gravatá alimentam a minha alma e os meus olhos brilham toda vez que a lembrança da chuva que serpenteia a nossa cidade se manifesta em tardes plúmbeas de pura magia.
Eu não sei o que eu tenho de familiar, de família. Mas ouço sempre o mesmo chamar, o mesmo cantar, o mesmo encantar. Família é tudo... É o umbigo do mundo, é o fundo do mar...
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