Corpos mortos pela PM sendo removidos pelo IML, em Manaus.
(Foto: Reprodução/Rede Amazônica)
Os 17 homens mortos pela Polícia Militar em uma favela de Manaus fazem
parte de uma sucessão de episódios sangrentos pelo controle do
narcotráfico no Amazonas, o único estado fronteiriço com os dois maiores
produtores mundiais de cocaína, Colômbia e Peru.
O bairro Betânia, onde ocorreram as mortes, é território do Comando
Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, mas cobiçado pela FDN (Família do
Norte), fundada em Manaus.
Na versão da PM,
corroborada por moradores ouvidos pela reportagem, integrantes da FDN
invadiram o local na noite de terça-feira (29), sem resistência da
facção rival. Acionada, a PM matou parte dos invasores madrugada
adentro.
No Ano-Novo de 2017, a FDN comandou
uma onda de ataques ao CV nos presídios de Manaus que deixou 67 mortos,
vários deles decapitados. O massacre desencadeou episódios semelhantes
em Roraima, território do CV, e no Rio Grande do Norte.
Com
o CV enfraquecido, a FDN passou por uma cisão interna. Em dezembro de
2017, seis homens foram mortos em um campo de futebol no bairro da
Compensa, berço da facção.
O capítulo mais
sangrento dessa guerra fratricida ocorreu em maio deste ano, com mais 55
mortos dentro dos presídios de Manaus durante dois dias.
O
atual secretário de Segurança Pública, o coronel da PM Louismar
Bonates, negociou em 2015 a ampliação do poder da FDN no sistema
carcerário em troca de "paz nas cadeias", segundo investigação da
Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Bonates
admitiu ter tido um encontro com "representantes da massa carcerária"
naquele ano, quando era secretário de Administração Penitenciária, mas
negou qualquer acordo. Ele não responde a processo judicial sobre o
episódio.
Além de importante mercado
consumidor, Manaus é entreposto da cocaína que abastece o Norte o
Nordeste do país. A droga é transportada principalmente pelo rio
Solimões, que liga o Peru e a Colômbia ao Brasil e ao oceano Atlântico.
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