Elizeu Oliveira/ Divulgação Secom-TO
A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta quinta-feira (26), o
ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (MDB), no âmbito da Operação
"12º Trabalho", deflagrada para desarticular um organização criminosa
"suspeita de manter sofisticado esquema" de corrupção, peculato, fraudes
em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens
indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais. A Polícia
Federal estima que o grupo causou prejuízos de mais de R$ 300 milhões à
administração pública.
Cerca de 70
policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de
prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas.
Segundo a PF, além da ordem contra Marcelo Miranda, outro mandado de
prisão já foi cumprido. O ex-governador foi preso no apartamento
funcional de sua mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB-TO), mas ela não é
investigada.
As ações são realizadas nas
cidades de Palmas, Tocantínia, Tupirama e Araguaína, no Tocantins, em
Goiânia, no Goiás, e em Santana do Araguaia, Sapucaia e São Felix do
Xingu, no Pará. A ação é realizada em parceira com o Ministério Público
Federal e a Receita Federal.
A investigação tem
como base diferentes operações, entre elas a "Reis do Gado", a
"Marcapasso", a "Pontes de Papel", a "Convergência", e a Lava Jato. Em
outubro de 2018, Marcelo, seu pai, José Edmar Miranda, e seu irmão, José
Edmar Miranda Júnior, se tornaram réus no âmbito da "Reis do Gado", que
mirava em crimes contra a administração pública.
Antes,
em março daquele ano, Marcelo Miranda foi cassado. Em agosto, o
ex-governador foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por
peculato e fraude à licitação pela contratação ilícita da OSCIP Brasil
para gerir os hospitais estaduais nos anos de 2003 e 2004.
A
Polícia Federal indicou que um núcleo familiar de três pessoas
influentes no meio político do Tocantins esteve no centro das
investigações, "com poderes suficientes para aparelhar o Estado,
mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação
da organização criminosa".
Segundo a PF, a "12º
Trabalho" visa obter novas provas e interromper a continuidade do crime
de lavagem de dinheiro. Os investigados continuam utilizando "laranjas"
para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de
propinas, diz a corporação.
A Polícia Federal
indicou que, para dissimular a natureza, a origem e a localização dos
bens, o grupo realizou operações simuladas, como o comércio de gado de
corte, utilização de empresas de fachada, construção e venda de imóveis,
mesmo após as investigações se tornarem públicas.
A
corporação anotou ainda que os crimes praticados pelo grupo estão
agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem
administração de fazendas e de atividades agropecuárias compra de
aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre
outros.
"As provas reunidas na ação penal
decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e
ainda agem de maneira orgânica e sistematizada, com divisão de tarefas,
cujos atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos
crimes", afirma a PF.
A corporação também alega
que os investigados teriam manipulado provas, com a falsificação de
documentos e compra de depoimentos.
A Polícia
Federal indicou que o nome da operação faz referência a um dos trabalhos
de Hércules, personagem da mitologia grega. A corporação indicou que o
12º Trabalho do semideus, teria sido seu último e mais complexo desafio,
que consistia em capturar Cérbero, um cão de três cabeças que segundo a
mitologia guardaria a entrada para o mundo dos mortos.
Outra operação
Nesta
quarta-feira (25), a Polícia Federal realizou a Operação Carotenóides,
outro desdobramento da "Reis do Gado", para desarticular um grupo que
lavava dinheiro utilizando "laranjas" para registro de bens móveis e
imóveis.
Agentes da PF cumpriram dois mandados
de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária expedidos pela
4ª Vara Federal de Palmas. As ações foram realizadas em Natividade, no
Tocantins, e em Imperatriz, no Maranhão.
A
corporação indicou que a ação visava aprofundar investigações e tinha
como foco o escalão intermediário da organização criminosa. Segundo a
PF, os investigados eram pessoas interpostas, "laranjas", nos registros
de veículos, assim como procuradores e intermediadores na negociação de
fazendas.
De acordo com a Polícia Federal, o nome da operação faz referência aos apelidos utilizados pelos "laranjas".
Defesa
O
advogado de Marcelo Miranda informou à reportagem que ainda não teve
acesso aos autos e à decisão. "Posso afirmar que não há razão para um
decreto prisional. Os fatos investigados são passados, distantes da
atualidade que justificasse uma prisão", afirmou.
Comentários
Postar um comentário