Carlos Varaldo, 72, passou mais de 10 anos sem saber que tinha hepatite C Arquivo pessoal.
Carlos Varaldo, 72,
teve a doença por mais de 10 anos e só descobriu ao tentar doar sangue;
este domingo (28) é o Dia Mundial de Combate à Hepatite.
"O desafio da hepatite C é saber que tem", diz Carlos Varaldo, 72,
curado da hepatite C e presidente da ONG Grupo Otimismo de Apoio ao
Portador de Hepatite, que hoje tem 22 mil associados. Portador do
problema sem saber por mais de 10 anos, ele descobriu a doença durante
um exame de triagem para doar sangue e enfrentou o tratamento quando
ainda oferecia severos efeitos colaterais."A doença foi descoberta em 1989 e eu descobri a hepatite 4 anos
depois. No Brasil, o médico me falou que eu morreria em 6 meses. Fui,
então, para Barcelona atrás de um médico que estava em evidência na área
e ele me ofereceu 7% de cura. Iniciei o tratamento", relembra.
"Nunca me esqueço do efeito colateral. Parecia que a alma ia sair do corpo. Muita gente não conseguia completar o tratamento. Era muito sofrido, perdi 18 kg, perdi cabelo, perdi dentes. Mas não reclamo, pois me curei", afirma.
Varaldo conta que pagou no tratamento US$ 60 mil dólares (cerca de R$
226 mil). Hoje, o medicamento continua sendo considerado de alto custo,
mas, segundo ele, todo o tratamento de oito semanas custa R$ 1.100 ao
SUS. O serviço público oferece o tratamento completo gratuitamente.
Ele explica que o remédio esteve em falta no país no ano passado, o que levou 17 mil pessoas a ficaram sem o remédio durante um ano, mas que esse fluxo já está normalizado. "A progressão da hepatite C é lenta. É preciso cerca de 23 anos para se desenvolver uma cirrose. Portanto, ficar sem o medicamento por um ano não traz consequências tão graves", afirma. "Mas quando a pessoa sabe que tem um vírus, ela fica ansiosa para curá-lo", completa.
Varaldo diz que não sabe como contraiu a doença. Para ele, os
principais fatores de risco hoje são equipamentos não higienizados de
manicures, sexo desprotegido e uso de drogas injetáveis, além da
transmissão de mãe contaminada para filho durante a gestação. "Cerca de
160 mil pessoas já receberam o tratamento pelo SUS, mas 500 mil ainda
não sabem que têm a doença", afirma.
Ele ressalta que o teste para diagnóstico é simples, "Uma picada no dedo
e o resultado sai em dez minutos", diz. "O tratamento que existe hoje
para a hepatite C foi uma revolução fantástica", finaliza.
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