LOBO EM PELE DE CORDEIRO.
Certa vez, chegou a uma cidade bucólica e acolhedora do interior e de um povo tão bom, um cidadão que mineiramente foi se infiltrando na política local. Mau administrador e incompetente para gerir seu próprio negócio, quase fechou as portas. Vivia graças às caridades e favores de seu sogro, que se comovia e não queria ver a filha e os netinhos sofrerem.
Candidatou-se uma vez, pois queria ser o prefeito da cidade e perdeu. Quatro anos depois, convenceu alguns que era uma boa opção foi candidato novamente e consegui ser indicado para vice numa chapa vitoriosa.
Por ironia do destino, o titular do cargo adoeceu, foi levado à capital para lá se cuidar. Foi quando seu substituto começou a colocar as suas garras de fora.
Valentão, truculento, perseguidor, eram seus atributos, trombava em quem o contrariasse. Foi logo colocando uma barraca em frente da prefeitura, pois quis fazer um governo paralelo.
Quando o titular do cargo faleceu, começou arrombando portas, subtraindo chaves e veículos, fez a festa e a farra, junto com meia dúzia de gatunos seguidores, a conhecida “tropa de choque”, que ficou rica da noite para o dia.
Derrubou barracas sem avisar e sem dar prazo para os proprietários se mudarem, pintou miséria com os feirantes, foi o pesadelo dos motos taxistas, tomando as batas de alguns deles, tocou o terror por onde passava, de ameaças e murros na mesa, foi tocando sua fraca administração.
Certa vez, com muito álcool no quengo, quis subir num trio elétrico de um animado bloco da cidade, tomou uma camada de pau, saiu brabo, cuspindo fogo pelas ventas e foi descontar todo o seu ódio, destruindo uma pobre porta de vidro de uma delegacia local. O doutor delegado quando soube, mandou procurar o valentão, que logo se escondeu após a sua façanha como um camundongo embaixo da cama.
Tem por hábito acordar antes dos passarinhos para passear pela cidade, quando encontra um eleitor, logo entra em sua casa, todo dia toma café, almoça e janta na casa de um. É um glutão conhecido, sempre com um apetite descomunal, junto com seus seguidores, devora tudo por onde passa, pior do que praga de lagartas ou gafanhotos, deixando um rastro de destruição e acabando a feira mensal do cidadão.
Levando vida de milionário até hoje, o que não tinha até então, se lambuza com o que amealhou em sete anos de vida pública, sem conseguir comprovar a origem de seu patrimônio. Num passado não muito distante bradava aos quatro quantos, que “elegia até um poste”, o que de fato realizou. O “poste”, que de comandado passou a comandante, nunca aceitou o cabresto do seu “coronel”, e este logo se irritou, por não comandar nem mais a sua casa.
Em sete anos de mandato, nunca se viu prefeito ter sete contas rejeitadas, virou até piada nas praças. Com a grana da Educação e da Previdência, se lambuzou também, sumiu com tudo e foi conhecer esse mundo de meu Deus, para onde a venta apontava ele ia, não precisava saber quanto custava a viagem, pois seus bolsos e suas contas estavam estufadas de dinheiro.
Hoje ele quer voltar, deu saudades do peitinho, foi “santificado” e seus pecados foram retirados, lavados pelas águas do mar, hoje ele é “um rapaz bonzinho”.
Qualquer semelhança com os fatos narrados nesse texto é apenas mera coincidência. Na realidade isso nunca aconteceu no Brasil.
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