Postado em 01 de julho de 2023
Saudades tenho dos dias tristes da minha infância, quando almejava ganhar o mundo e alcançar as estrelas.
De repente, quando a rotina agitada do dia a dia tira uma folga e o tempo desacelera, o dia fica mais bonito e cheio de graça, trazendo consigo um ar mais puro onde as cores da vegetação se intensificam em um verde deslumbrante e as nuvens parecem realmente serem de algodão. Nesse momento, as doces lembranças começam a habitar o nosso imaginário saudosista.
São lembranças longínquas, que nos remetem a um tempo distante, mas que se fazem tão presentes em nossos pensamentos. Às vezes, são lembranças pequenas que marcaram a nossa infância ou até mesmo a nossa juventude e que teimam em aparecer nesses dias ensolarados de verão, trazendo um saudosismo que beira a tristeza.
Saudades tenho dos dias tristes da minha infância, quando almejava ganhar o mundo e alcançar as estrelas. Fitava o Leste e previa, mesmo que intrinsicamente, que um dia aquela estrada que levava ao mar seria o meu destino a seguir. Sempre que olhava no sentido do mar, a claridade do céu se intensificava e o meu coração, em comunhão com a minha mente, parecia que me empurrava naquela direção.
Hoje, muito tempo depois, essa mesma sensação se intensifica toda vez que o dia tem a sua claridade intensificada. Só que dessa vez, a vontade é de fazer o caminho inverso. Sinto saudades daqueles domingos matinais, que culminavam com aquelas tardes ensolaradas acompanhadas de brisas frias, um céu de azul mais intenso e que terminavam sempre um arrebol lindo e tranquilo, como a um bebê quando dorme.
Mas, eis que no meio aos meus devaneios saudosistas, pela janela do carro enxergo a presença fria e sombria de um cemitério. Daí, entro em órbita de mim mesmo e recupero a consciência, a qual me diz que sonhar é bom, mas viver a realidade de maneira intensa e do jeito que for, vale muito mais a pena, pois depois que passamos para o lado de dentro do cemitério, não temos como voltar para recuperarmos tudo aquilo que poderíamos ter vivido, mas que por convenções humanas e até mesmo por causa de um pouco de medo, deixamos de viver tudo o que há para ser vivido.
Abro uma cerveja bem gelada, respiro fundo, busco inspiração na natureza e sigo em frente. Amanhã sempre será um novo dia e uma nova oportunidade para sermos felizes.
Um texto que fala de saudade com muito lirismo. A linguagem figurada ajudou a trazer doces sentimentos à tona. Parabéns, você é um escritor nato e bastante talentoso!
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