Foto: Onçafari/Facebook.
O grande incêndio que começou há dez dias na região do Pantanal em
Mato Grosso do Sul já atingiu uma área de 1.200 km2 , comparável à da
cidade do Rio de Janeiro.
A estimativa da
destruição foi feita pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais). O número, porém, já aumentou e tende a crescer porque ainda
há focos de incêndio, segundo Fábio Catarinelli, coordenador da Defesa
Civil de Mato Grosso do Sul. Apesar dos esforços, não há previsão do fim
do fogo.
"A situação está bem crítica, a
temperatura está alta, a umidade está baixa, a vegetação está muito seca
e esses fatores agravam a situação do incêndio. O fogo é voraz e até
área alagada, cuja vegetação pega fogo por cima, queima muito rápido.
Utilizamos um parâmetro que se chama 'risco de fogo', e no Pantanal ele
está entre alto, muito alto e crítico", diz Catarinell.
Devido
à gravidade do incêndio, o governo estadual publicou, no último dia 31,
uma resolução no Diário Oficial proibindo queimadas controladas por
mais um mês, até dia 30 de novembro. Na mesma linha, a Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil apontou a situação de emergência das
cidades de Aquidauana, Bonito, Miranda e Corumbá, todos destinos
turísticos que estão prejudicados pelos incêndios e seus desdobramentos,
como falta e/ou oscilação de energia elétrica, água e internet.
"O
fogo está sendo controlado, mas os incêndios são dinâmicos. Enquanto
houver a ação humana no início desses focos, o trabalho ficará difícil",
diz o tenente-coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros do
estado. Para combater os focos de incêndio, a Polícia Militar Ambiental
tem feito fiscalizações e aplicado notificações acompanhadas de multas
aos proprietários e pescadores que atearem fogo na terra.
O
principal desafio para conter e apagar as chamas é a densidade da mata e
as áreas alagadas. O fogo passa por cima da água, por entre as copas
das árvores, e segue queimando por cima de pântanos. Bombeiros relataram
ter visto animais que fugiram desesperadamente e ainda assim morreram
devido a queimaduras.
Ao todo, 151 pessoas, entre
bombeiros e funcionários rurais, estão mobilizadas no combate ao fogo.
Em uma única propriedade, houve mais de 40 mil hectares queimados. "Os
funcionários dessa e de outras fazendas foram treinados e também atuam
com maquinário próprio para tentar evitar que o fogo se alastre para
propriedades vizinhas", afirma Catarinelli.
Entre
esta segunda-feira (4) e a terça-feira (5) devem chegar reforços de
bombeiros do DF compostos por uma aeronave capaz de transportar até
3.100 litros de água e mais 35 homens para o combate em solo. Em
setembro, 30 homens da corporação já haviam sido enviados ao estado para
apoiar a equipe estadual contra outro incêndio na mesma região que
chegou a destruir 35 mil hectares.
"Agora a
situação foi bem pior", diz João Guilherme Venturini, sócio-proprietário
do Passo do Lontra Hotel Fazenda. "Apesar de ao redor da nossa
propriedade já estar tudo mais controlado, a verdade é que não sobrou
nada. Ao andar no rio, as margens estão todas queimadas.
Infelizmente, isso atrapalha todos e o turismo. O turista vem para ver a
exuberância da nossa fauna e flora, mas, quando chega e vê quase nada
em pé, tudo em cinzas, ele se frustra."
Segundo Venturini, alguns turistas foram embora mais cedo do que o previsto por conta da destruição da paisagem pantaneira.
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