Foto: Alan Santos/PR Foto: Alan Santos/Presidência.
Esta é a 11ª vez que os líderes do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reúnem. Reunião de Jair Bolsonaro e integrantes do governo com do presidente da China, Xi Jiping.
No primeiro dia da reunião dos Brics , em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro manteve encontros bilaterais com os chefes de governo da China, Xi Jinping, e da Índia, Narendra Modi , acenando para acordos com os dois países. Na quinta-feira ocorrerão outros dois encontros com os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Rússia, Vladimir Putin. Ao final desta quarta-feira, os cinco líderes vão participar do encerramento do fórum empresarial dos Brics, que reúne empresários dos países membros.
Na reunião com os chineses, que durou cerca de 40 minutos, Bolsonaro e Xi Jiping assinaram nove atos , entre acordos e memorandos de intenções, e fizeram promessas mútuas de ampliação e fortalecimento das relações bilaterais. Bolsonaro, que antes de assumir a Presidência da República, no início do ano, via a China com ressalvas, afirmou que o país asiático faz parte do futuro do Brasil.
Durante um seminário sobre o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, o ministro da Economia, Paulo Guedes , disse que o Brasil está negociando a criação de uma área de livre comércio com a China . Segundo uma fonte a par da negociação, as conversas partiram da China e estão ainda em estágio inicial. O Brasil tem hoje um fluxo de comércio com o gigante asiático de cerca de US$ 100 bilhões por ano.
Bolsonaro confirmou que irá às comemorações do Dia da República, na Índia, em 26 de janeiro de 2020. Ele disse que quer aproveitar a visita para avançar nas conversas sobre acordos comerciais e melhorar a cooperação em áreas como biocombustíveis e ciência e tecnologia. Modi salientou o quanto a data é importante para os indianos, ressaltando que tem interesse em aprimorar a cooperação com o Brasil, sobretudo nos setores de processamento de alimentos e na agropecuária. O primeiro-ministro disse ainda que, paralelamente aos encontros governamentais, quer aproximar os setores privados dos dois países.
Entenda a importância da Reunião do BRICS:
Esta é a 11ª vez que os líderes do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem. A sigla, que originalmente não tinha os sul-africanos, foi criada pelo economista britânico Jim O'Neil em 2001 para designar grandes economias emergentes. Quando o bloco foi criado, em 2006, também ganhou um objetivo de defesa da multipolaridade e de aumento da influência dos emergentes nas instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional. Essa ênfase política perdeu peso com Bolsonaro, devido ao alinhamento do seu governo com os Estados Unidos.
Os líderes - Estão em Brasília para a reunião de cúpula os presidentes da China (Xi Jinping), da Rússia (Vladimir Putin) e da África do Sul (Cybil Raphamosa), além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Junto com o Brasil, esses países representam algo como US$ 3,6 trilhões em exportações, US$ 3,2 trilhões em importações e um Produto Interno Bruto (PIB) que, somado, chega a US$ 40,5 trilhões, dos quais US$ 23,5 trilhões da China.
Embaixada - O governo brasileiro passa pelo constrangimento de ter de administrar, justamente no primeiro dia do evento, uma crise causada pela ocupação do prédio da Embaixada da Venezuela por partidários de Juan Guaidó, líder da oposição ao chavista Nicolás Maduro e autoproclamado presidente do país no início deste ano. Mais cedo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, chegou a defender o movimento, causando irritação em setores do Palácio do Planalto e do Itamaraty.
Latinos de fora - Ao contrário de encontros de cúpula anteriores, quando os presidentes da América do Sul eram convidados para conversarem em reuniões paralelas com o Brics, o Brasil — que passará a presidência do bloco na quinta-feira à Rússia — não concordou em trazer os líderes da região a Brasília.
Bolívia e Venezuela - A ideia de centralizar os debates em temas econômicos não deu certo. A situação da Venezuela e a renúncia de Evo Morales à Presidência da Bolívia deverão entrar nas discussões. No caso venezuelano, o Brasil está isolado. Reconhece como presidente daquele país Juan Guaidó, enquanto os demais membros apoiam Nicolas Maduro. Além disso, o russo Vladimir Putin já deixou claro que considera a queda de Morales um golpe de Estado — posição divergente da do governo brasileiro.
Encontros bilaterais - O presidente Jair Bolsonaro dá grande importância aos encontros bilaterais que estão acontecendo nesta quarta-feira com os membros do Brics. Com o chinês Xi Jinping, foram assinados nove atos e discutidas formas de ampliar comércio e investimentos em projetos de infraestrutura. Com Narendra Mori, a ideia é negociar um amplo acordo de livre comércio com a Índia. Com Raphamosa, Bolsonaro pretende relançar as relações do Brasil com a África. Com Putin, uma das metas é conseguir a abertura do mercado do país do Leste Europeu para carnes brasileiras.
Empresários - O principal evento do Brics, nesta quarta-feira, será a participação dos líderes no encerramento de um fórum empresarial, no fim da tarde, com a presença de cerca de 500 homens de negócios dos cinco países.
Declaração - Os líderes do Brics fecharão, na quinta-feira, o texto final da declaração conjunta. Temas como comércio, combate ao terrorismo e tecnologia e inovação farão parte da agenda. O documento será concluído nos últimos minutos da reunião que acontecerá no fim da manhã, momentos antes de um almoço oferecido no Palácio do Itamaraty.
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